Não só pela existência de casario baixo, que dominava a cidade, mas e principalmente pela imponência, ele despontava soberano e se constituía em atração, não só para visitantes como à toda população de Itapetininga. Durante dezenas de anos, o prédio que pertenceu à tradicional família Salem, localizado na rua Campos Sales, abrigou os irmãos João e José, provindos do Líbano, respectivos familiares e estabelecimentos comerciais. O imóvel, construído no final do século XIX, com todo material importado da Europa, atingia quase um quarteirão e, os fundos alcançando a rua Silva Jardim.
Arquitetura originária da criatividade de artistas europeus, onde se erguiam edifícios daquele estilo, segundo o artista plástico Antônio Arthur de Castro Rodrigues. “imóveis iguais foram construídos na capital paulista e Curitiba, Paraná e obras semelhantes são encontradas na França, Inglaterra e outros países, “estilo sem definição e de fim de século”.
Despertando enorme atenção sobressaía-se o sótão (pequeno andar ou compartimento que fica entre o teto do último andar e o telhado do edifício). Ele era utilizado geralmente para guardar móveis já sem serventia ou objetos de pouco uso ou para as camas de criados.
As duas lojas, permanecendo em atividades por mais de meio século, distintas entre si e pertencentes a João e José Salero, atuavam no ramo de tecidos e armarinhos, trabalhando com vendas à vista e pelo crediário, sendo que ambos os proprietários financiavam, em épocas apropriadas, lavradores para suas lides campesinas.
Com o tempo, todo o prédio foi descaracterizado e toda a área frontal foi dividida em pequenas salas ocupadas por comércio diversificado.. Pelo que consta, não há qualquer indício de que o prédio sofra alguma melhoria, ou reforma superficial.
Notável Família – Provinda do Líbano, a viúva Maria José Salem chegou ao Brasil em 1890 e depois de rápida passagem pelo Rio e São Paulo, fixou residência em Itapetininga, junto com os filhos já nacionalizados João, José, Ana e Amélia. Foi a primeira a se estabelecer com pequena loja na rua Monsenhor Soares e depois já em prédio próprio, na Campos Sales. Originou-se posteriormente, a firma João Salem & Irmãos, sendo que mais tarde cada irmão trabalhou isoladamente.
O filho João Salem e a esposa Mary Bayda Salero, tiveram nove filhos, entre eles o doutor Willim Salem, ex-vereador e presidente da Câmara Municipal de São Paulo. Os outros brilham nas profissões de médicos, advogados, dentistas, comerciantes e professores, além dos netos que demonstram qualidade nas profissões que abraçaram. José Salem, o outro filho varão contraiu núpcias com Maria Isabel Cavalheiro Salem, contando com oito filhos, todos nascidos na cidade e entre eles José Cavalheiro Salero, que foi durante vinte anos diretor proprietário jornal “Aparecida do Sul” e vereador na Câmara Municipal local, na gestão do prefeito Darcy Vieira.
“Como seu pai — conforme relata Carlos Fidêncio em seu livro “Itapetininga Ontem, Hoje” — José Cavalheiro Salem, em diversos mandatos, foi mordomo da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia”, isto durante 20 anos. Exerceu ainda, por doze anos, o cargo de Diretor Superintendente do Hospital e Maternidade São José, sendo também um dos iniciadores da construção do Hospital Infantil. Casado com Antônia Maria Lobo Salero, nasceram os filhos Neyde Aparecida Salem Ribeiro, professora, Benedita Rosely Salero Cerqueira, casada com o saudoso Ivo Cerqueira e proprietária da empresa Folha de Itapetininga, além de Maria José Salem Carvalho, catedrática de Português e Maria Helena Salem Albuquerque, também professora e o médico Pedro Paulo Salem.
Extraído do livro “Vivas Memórias”, volume 1