O destacado dramaturgo paulista (nascido em Santos) Plínio Marcos, já falecido, entre muitas de suas frases celebres, possuía uma delas para explicar a influência da cultura estrangeira, principalmente a norte-americana na (cultura) brasileira. Plínio Marcos dizia sempre que: – “Na televisão brasileira, artista norte-americano morto trabalha mais que artista brasileiro vivo”. O dramaturgo em questão falou essa perola na década de 1980, naturalmente se referindo aos filmes americanos que eram exibidos na televisão nacional.
O que 40 anos depois, ainda é uma verdade. Muita gente, por certo, não achará ruim ser artistas de Hollywood como os atores e atrizes Marlon Brando, James Dean, Humphrey Bogart, Audrey Kepburn, Bette Davis, Vivien Leigh (de “O Vento Levou”) e outros aparecerem sempre em nossas telinhas. Assim como os atores bailarinos Gene Kelly outro Fred Aspaire e Cid Charisse. Mas, infelizmente, não é isso o que acontece. Nossas emissoras televisivas são povoadas de Stalones e Van Dames e ainda outros brutos da vida que não enobrecem os telespectadores.
E o que dizer dos conjuntos de rock n’ roll aos milhares, que não apresentam uma melodia audível. Daí a necessidade de sermos um pouco nacionalistas (ou patriotas) e tentar barrar estes (ruins) produtos alienígenas (estrangeiros) que infestam as telas de nossas televisões e a nossa maneira de viver, gostos e interesses. Há quase 100 anos atrás o escritor Oswald de Andrade, na “Semana de Arte Moderna”, em fevereiro de 1922, em pleno teatro municipal de São Paulo gritou: “Tupi or not Tupi” e a partir dai os intelectuais daquela e outras épocas tentaram criar uma nova cultura brasileira (em 1922 vivíamos sobre a influência da francesa). Os clamores da “Semana de Arte Moderna” demoraram (bastante!) para serem entendidas. Temos que dar valor as nossas identidades senão não seremos ninguém. E isto tem que ser comunicado as novas gerações.
Já há algum tempo, apareceu em nossas festivas datas um tal de Halloween ou “Dia das Bruxas” (31 de outubro), um “halloween” que veio de fora, dos “States” quando as crianças e jovens vestidos de bruxos recebem presentes dos adultos. E tal data passou a ser comemorada em nossas escolas brasileiras, principalmente nos particulares e depois até nas públicas. Mas, daí houve uma reação de educadores que passaram a questionar o fato, perguntando: – “E o espaço cultural para o Saci que representa a nossa esperteza, vivacidade?” E a Iara (rainha das águas) e o Boitatá, a Mula sem cabeça e outros personagens do folclore brasileiro. Além desses seres autênticos da nossa identidade nacional, também as músicas e as danças. E isso que precisa ser comemorado. Em algumas cidades brasileiras o 31 de outubro passou a ser o “Dia do Saci”. O jeito é gritar: – “que ótimo!” E também: – “Fora Halloween!”