Graco da Silveira abraçou a língua portuguesa como uma paixão

A primeira impressão — a que ficava — era a timidez. Um homem de estatura mediana, reservado, de rosto redondo e olhos desconfiados, quando lhe faziam uma pergunta ele respondia como um inglês. Numa cidade como a nossa, de gente loquaz, parecia notavelmente parco de palavras. Mas, depois de começar a falar, notava-se uma segurança fundamental: ele dominava plenamente o assunto, fosse qual fosse. Assim também, quando falava, o que dizia parecia vir diretamente do coração. Era completamente sem rodeios.
Pode-se, desta maneira, traçar um perfil – um tanto incompleto – do professor Graco da Silveira Santos que, por quase quatro décadas brilhou nas escolas locais, principalmente na Peixoto Gomide onde deixou sua marca de competência e dedicação. A matéria que lecionava: português.
Graco da Silveira, o oposto dos irmãos Graco, famosos de Roma, nunca se impôs pela violência diante dos seus discípulos. E os alunos dos estabelecimentos de ensino o admiravam porque o viam como “uma luz do caminho do saber”, tal a insistência e ardor com que transmitia, as lições consubstanciadas nas regras e técnicas que ministrava.
Admirador de Machado de Assis, a quem considerava gênio, Graco, em suas aulas, ouvidas com atenção desdobrada, repetia amiúde a necessidade de todos conheceram as obras literárias do grande romancista brasileiro e a “imperiosa necessidade de analisar, em minúcias, todo o enredo do livro”.
Professor do então Ginásio e Escola de Comércio, em todos os cursos juntava-se ao corpo docente da tradicional escola com os gigantes do ensino de Itapetininga como Juvenal de Paiva Pereira, Eliziário Martins de Melo, Lucila Melo, Péricles Galvão, Nicanor Arruda, Modesto Tavares de Lima, Antônio Antunes Alves, Floriza Piedade, Juliana Fabiano Alves, Eduardo Soares, Jair Barth (espanhol), Carmen Legaspe Moucachen e outros, formando uma plêiade notável, orgulho da Itapetininga a “Terra das Escolas”.
Rigoroso, com didática das melhores, exercitava os alunos em oratória, sempre baseada no texto lido antes. Sugeria sempre que o aluno “postasse a voz e, com ênfase, discursasse como se estivesse falando em praça pública”, como sempre lembrava o saudoso jornalista Elias Miguel Raid, um de seus alunos e que trabalhou na “Folha de São Paulo”, da capital.
Durante as aulas, costumava declamar poesias de autores consagrados, alertando que “poesia era o encanto da alma e constituía um verdadeiro bálsamo para o ser humano, além de tudo – completava – impedia que as aulas se tornassem muito áridas e aborrecidas”. Além de conhecer profundamente o Português e nunca deixando de acompanhar a evolução da língua em todos os seus aspectos, dedicava-se à poesia, tendo lançado um livro do gênero, que teve larga repercussão.

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