Há 133 anos, expansivos e alegres, foram chegando em Itapetininga

Quando milhões de camponeses sem a possibilidade de conseguir terras para o plantio e o crescimento demográfico criaram condições para a imigração italiana no Brasil, em 1861, exatamente 28 anos depois, chegavam a Itapetininga os primeiros “oriundis” que aqui se estabeleceram. Vieram de várias regiões da abemolada e festiva Itália, destacando-se os imigrantes de Bolonha, Livorno, Perúsia, Napoli, Pádua, Verona, Sardenha, Piave e outras localidades, trazendo cada um à sua cultura, hábitos, costumes e as novidades “daquela Europa sonhada e inatingível pela maioria dos brasileiros”.
Desde sua instalação, como até agora, os imigrantes italianos ocuparam várias áreas, desenvolvendo as atividades manufatureiras, dedicavam-se ao cultivo do trigo e incentivo à viticultura – iniciando a plantação da uva na rua Prudente de Moraes, área pertencente à família Franci – enriqueceram a cozinha itapetiningana com novos pratos, introduziram o jogo de bocha, criaram estilo arquitetônico próprio, a casa de madeira, desenvolvendo o catolicismo com novas devoções e um estilo culto diferente das tradições lusitanas.
Em toda cidade e por todos os cantos ainda restam obras construídas sob a direção de Abrahão Sacco, italiano que aportou na cidade no início do século passado e por volta de 1917, ergueu a cadeia pública, localizada na rua Francisco Válio, tendo pouco antes auxiliando na construção do Clube Venâncio Aires, e colocado sua competência na grandiosa obra do prédio da “Peixoto”, sob a direção de Ramos de Azevedo. Foram seus conterrâneos, como os Saccos, Barsantis, Alciatis que também adentraram no ramo de construções e comércio desta área, além dos Orsis, Boninis, enquanto que Tambellis, Rossis, Quadros, Carpinelli, foram os estabelecidos com os antigos armazéns de secos e molhados.
Que dizer dos Matarazzos, Larizattis, Puccis, Cauchiolli, Mazarinos, Guiduglis, Vendramini, Nastri, Milanis, Lombardis, Guarnieri, Forones, Basiles, Francis, Mastromauros, Samarcos, Naninis, Pichis, Mazzei, Matioli, Ambrósio, Yanaconis, Bartolos, Ragazzi, Prisco, Motta, Baroni, Ruzza, Pandolfo, Saladinos e muitos outros que se destacaram na indústria de confecção, panificadoras, cinemas, setores de hotelaria e política, agricultura, sapatarias, confeitarias, ramos de transportes, profissionais liberais, artistas plásticos, professores e outras profissões que em muito o alicerçaram o progresso da cidade?
Algumas famílias “oriundis” se localizaram nos pontos principais da cidade: no Bairro Olho d´água – os Larizatti, Mazzarino, Chiochetti, Fagnani, Gorieri, Carmine Matheus e Miguel Janez. No bairro Peixoto Gomide – estabeleceram-se os Nanini e Tognarelli. No bairro do Piçarrão – Alciati, Nalesso e os Zaguetti, que posteriormente mudaram-se para o bairro Olho d´água. No bairro do Capão Alto – Pedro Monti. No bairro do Alto Lombardi, no Taboão – Suardi. Na Lagoa (atual Lagoa Seca) os Anunciato, os Savi, os Sabatelli, os Bodo, os lanaconi. Na estrada do Mato Seco –
Trevisani, os Biagi. Na estrada do Capão Bonito – os Morelli, os Orsi, Abrahão e Nocodemo Sacco, os Cauchioli. Na estrada do Alambari – os Pilloto, os Ferrari, os Barsanti, os Genesine. Na Ladeira do Paquetá – Pucci, Albano Pascalli, Quadri Assuero, Donato Pássaro, Milani – o ferreiro. Na atual Aristides Lobo – Milani, o fotógrafo. Na rua Venâncio Ayres – Tambelli. Na Monsenhor Soares – os Samarco. Na Saldanha Marinho, os Lanzoni, os Picchi, Beltrami, Franci, Peretti, Potignani, Rafael Biffoni, os Válios. Na Campos Sales, Nastri, Raffa, Vendramini. Na avenida Peixoto Gomide – Ventura. Na Prudente de Moraes – Boldrini, Marengo, Lucchesi. Na Fernando Prestes, Piccioti, Maglioni. Na São Vicente de Paula, Acquaviva. Vierem depois Bertelli, Venturelli, Labruneti, Giriboni, Franciosi, Stelani, Nicoleti, Ferraresi, Ferrari, Ramaccioti, Di Cola, Lembo, Pascale, Martellete, Matioli, além de outros pugnadores.
Cada uma dessas famílias tem sua história. Histórias de luta, de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento desta terra, juntamente com outras colônias que aqui se radicaram, integrando-se perfeitamente com os naturais de Itapetininga.
Essa numerosa e pujante comunidade que fundou também uma entidade social – a Sociedade Italiana, agora desativada – vai continuar a promover eventos da mais alta atração, atrai novel instituição, a Associação dos Descendentes dos Imigrantes, cujo primeiro presidente escolhido recaiu na pessoa do sr. Giovani Pedro Ferrari e que contará como apoio do Consulado Italiano de São Paulo.

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