Je Suis Charlie

Quarta-feira, de manhã, junto algumas moedas e vou até a Lotérica tentar a sorte na Mega-Sena… Faço um joguinho e volto para casa. Um calor dos quintos! Ligo o computador e dou de cara com uma tragédia: desconhecidos usando máscaras invadem o jornal “Charlie Hebdo” e assassinam jornalistas em plena Reunião de Pauta!
Em estado de choque, tento entender o que está acontecendo… Na França, na bela e charmosa França, berço de Joana D’Arc, Montesquieu, de Édith Piaf, Charles Aznavour… Que tem um Hino que ressoa como uma prece… Pátria da Liberdade, da Igualdade, da fraternidade! Terra da Torre Eiffel, da cidade luz!
Não, não pode ser, penso comigo! Mas era sim… Eu, que de há muito trabalho em jornais, sei que numa sala de Redação espera-se de tudo, menos uma invasão de assassinos mascarados! O mundo foi pego de surpresa!
Que defesa tiveram os cartunistas assassinados? Nenhuma! Canetas, notebooks, blocos de rascunhos, lápis, não podem competir com um fuzil Kalashnikov… E os “não-homens” encapuzados sabiam disso… Entraram, mataram e fugiram correndo!Como denominá-los? Mercenários, terroristas, anormais? Ainda não há palavra no dicionário que defina essa anomalia criminosa.
E agora?Como garantir que a desgraça não se repita? Países, onde impera a democracia, vão exigir que redatores exerçam seu ofício armados até os dentes? Todos os jornais do mundo terão que contratar um robocop que vigiará a porta de entrada com bazuca a tiracolo? Pit Bulls adestrados ficarão de guarda para vigiar quem entra e sai? Jornalistas serão obrigados a participar de reuniões de pauta vestindo armaduras de ferro, com elmo, escudos, cáligas e luvas de aço?
Como se defender dessa alguma coisa que surgiu na Terra e ainda não se sabe o nome? Essa alguma coisa estranha à espécie humana, que invade uma Redação, assassina sem piedade e depois foge?
Essa alguma coisa continua à espreita!
Je Suis Charlie!