Ultimamente a TV Cultura (Sky, canal 505) voltou a apresentar clássicos do cinema ocidental e oriental que se tornaram célebres (cult). Semanas atrás o Telecine Cult apresentou “Ladrões de Bicicletas”, drama do cinema italiano (1948) do pós-guerra (Segunda Guerra Mundial – 1939-1945), um dos primeiros filmes do chamado “neo-realismo”, movimento do cinema italiano que sacudiu o cinema ocidental no final da década de 40 e início da década de 50.
Porque neo-realismo? Há várias explicações. Algumas delas: Grande parte da Europa estava em destroços no pós-guerra, milhões de mortos, cidades destruídas, economias quebradas e mais o que vocês sabem. O cinema italiano volta a produzir seus filmes e os roteiros não poderiam ser outros: destruição e pobreza com um pouco de esperança. A Itália ainda teve um ditador Mussolini que era adepto as teorias nazistas, o que piorou em muito sua libertação. Tanto que os soldados (pracinhas) tiveram que ir até lá para ajudar os italianos nesta missão.
O diretor Vittorio De Sica elabora uma história dentro daquele mundo real. Logo na abertura da película uma multidão na destruída Roma se aglomera diante de um órgão público em busca de um emprego. O personagem principal, o operário Ricci (ator Lamberto Maggiorani), pregador de cartazes, depende de sua bicicleta para realizar o seu trabalho. Ricci mora num casebre com sua família: mulher e dois filhos, o mais velho, o garoto Bruno (personagem do menino Enzo Staiola, numa ‘performance’ excepcional).
Um dia a bicicleta é roubada e o operário Ricci, acompanhado do filho saem pelas ruas romanas (ruas reais) para achá-la. Nesta incessante procura acontecem muitas coisas, o que fortalece a relação pai e filho. Nesta caminhada dos dois em busca do instrumento de trabalho, o diretor Vittorio De Sica mostra cenas reais (daí o neo-realismo) do povo, andando em hordas pelas ruas procurando o que fazer para o sustento das famílias. Há toda uma classe social (de baixa renda econômica), todo um país em desespero.
O filho sempre acompanhando o pai (deveria ter uns dez anos de idade), e o final é considerado um dos mais emocionantes do cinema ocidental. “Ladrões de bicicletas” e o neo-realismo como um todo abalou a indústria cinematográfica de Hollywood (com seus filmes coloridos, luxuosos e irreais). O cinema dos Estados Unidos teve que mudar suas histórias fantasiosas.
“Ladrões de bicicletas” é considerado um dos dez maiores filmes do cinema ocidental de todos os tempos. É uma aula de cinema, e a TV Cult está mostrando periodicamente como se faziam obras primas no século 20.
Se fato é foto…
O músico Itapetiningano Floriano Villaça, tocando e encantando, o público, nas apresentações com seu o seu inseparável violão, repertórios do melhor que a MPB (Música Popular Brasileira) tem a oferecer aos fãs e admiradores de uma boa música. Foto – Arquivo Pessoal