A carta de Tiago tem como mensagem: a fé é manifestada pelas obras. As palavras chaves são: fé, obras e cumpridor. Exponho a carta didaticamente, pois sou professor aposentado e trato do assunto como tal.
Lutero, no início de sua pregação, defendendo a salvação pela fé, não compreendeu, a princípio, o conteúdo da epístola escrita pelo irmão de Jesus. Martinho Lutero era o segundo filho de Hans Lutero, pequeno aldeão. Foi criado em Mansfeld. Seu pai, como afirma a história, mediante trabalho árduo e persistente conseguiu atingir uma posição respeitável na comunidade, tornando-se membro da classe média. Martinho Lutero, dessa forma, conseguiu estudar e como estudante mostrou-se promissor. Foi enviado às escolas de Latim de Magdeburg em 1497 e Eisenach (1498-1501). Em abril de 1501 ingressou na Universidade de Erfurt, onde obteve o grau de Bacharel em Artes em 1502 e de Mestre em Artes em 1505. Seu pai queria que ele fosse advogado. A princípio, como era obediente, tentou fazer o curso de Direito. Abruptamente, porém, interrompeu os estudos e entrou no claustro agostiniano. A história é longa dessa guinada.
Deus, na sua providência, tirou Lutero do mosteiro e entre 1508 e 1512 fez preleções de Filosofia na Universidade de Wurtemberg, onde, também, ensinou as Escrituras, especializando-se nas Sentenças de Pedro Lombardo. Em 1512, formou-se como Doutor em Teologia. Fez várias conferências sobre a Bíblia, especializando-se nas epístolas paulinas: Romanos, Gálatas e também em Hebreus. Foi nesse período que as cartas de São Paulo tomaram conta do seu coração e chegou à conclusão que o homem é salvo pela fé e não pelas obras. “Não tendo o verdadeiro caráter evangélico”. Lutero era incapaz (devido ao seu ligeiro ponto de vista da epístola de Tiago) de harmonizá-la com a elevada doutrina da qual se tornou campeão, porém anos depois, percebia diferentemente e, aceitava que, em verdade, Tiago era o complemento de Romanos. Afirmara antes que a carta era de feno, referindo-se a I Coríntios 3:12. Os homens, maldosamente, só gravaram essa sua declaração. Disse ele mais tarde: “ A prova de que sou justificado pela fé, só a demonstrarei pelas minhas obras”. A epístola pode ser assim dividida, segundo Robert Lee: “do capítulo 1:1= Saudação; 1:2-21 A fé demonstrada e provada pelas tentações; 1:22-2 A fé demonstrada pelas obras; 3 –A fé demonstrada por palavras; 4- A fé demonstrada pela vida; 5:1 a 12 A fé demonstrada pela nossa paciência debaixo da injustiça cruel; 5:13-20 A fé demonstrada pelos efeitos de nossas fervorosas orações”.
Todos os Pastores e Ministros do Evangelho devem, antes de falar que ele errou, “redondamente”, estudar a vida e ler as obras de Martinho Lutero, o Reformador. Ele foi um homem fiel as Escrituras e é por isso que até hoje os pregadores se inspiram nele. Lutero foi o homem mais corajoso de sua época. Eis o hino que ele compôs: “ Castelo forte é nosso Deus, /Espada e bom escudo! /Com seu poder defende os seus/ em todo transe agudo. /Com fúria pertinaz/ Persegue Satanás/ com ânimo cruel! / Mui forte é o Deus fiel, / Igual não há na terra”. O hino completo está no Novo Cântico, número 155 e outros hinários evangélicos. É o hino da Reforma do século XVI. Lutero viveu na Era das trevas. Por que? Porque os cristãos não conheciam a Bíblia e o mundo desconhecia a verdade bíblica da salvação pela graça. São Paulo, escrevendo aos efésios diz: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; …pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras”. (Efésios 2:8 a 10)