Na “barganha” a ligação entre classes

“Neste relógio encontra-se qualidade, é de muito valor, podendo qualquer um servir-se dele ou o vender por preço substancioso.”
Assim tinha o início a conversação entre dois figurantes que pretendiam transacionar objetos novos, seminovos ou já em desuso e raridades, adquiridos em barganhas, ou comprar a dinheiro. Isto acontecia invariavelmente todos os dias – com menos desenvolvimento aos domingos – e tinha como cenário a ampla área nas imediações do Mercadão, atrás da agência dos Correios.
Por sinal, e a propósito, aquele imóvel de bela arquitetura teve sua inauguração festiva em setembro de 1959, construído na administração do prefeito Darci Vieira. O objetivo, foi a princípio, constituir-se em posto central de vendas de produtos hortifrutigranjeiros, provenientes da zona rural da região. Tinha por finalidade, também, os necessários boxes na parte térrea para instalações de estabelecimentos de artigos variados. Hoje, o Mercadão funciona como um mini shopping popular com regular movimento em suas lojas diversificadas, lanchonetes, barbearias e outros comércios.
Pois a “barganha” tornou-se quase novidade em Itapetininga, tal a proporção que ela ganhou, com a presença constante de centenas de interessados e curiosos. Naturalmente não se igualava, e jamais chegaria a ser, um mercado da “Pulga”, em Paris, na França ou um Porto Belo, em Londres, na Inglaterra.
A nossa “barganha” , culturalmente ,significava uma transação baseada numa troca mútua de favores sobretudo de políticos.
Embora a de nossa história não contasse com interesse político – exceção à época de eleição, quando surgiam candidatos ou cabo eleitorais de prefeitos, deputados ou vereadores- os personagens atuantes eram moradores locais ou de cidades vizinhas. Na maioria aposentados, trabalhadores em horas de folga, pessoas consideradas da elite, sitiantes e outros participantes, irmanando-se socialmente num só objetivo: comprar ou efetuar barganhas.
Os objetos para as negociações encontravam-se em exposição em toscos banquinhos ou estendidos no chão: roupas usadas, ferramentas de toda espécie, novas ou com defeitos, óculos, muletas e bengalas, instrumentos musicais, aparelhos de rádio e televisão, fitas de vídeos k7, discos de vinil, cds, DVDs e notadamente relógios. Vendiam por preços “ao alcance de todos”, trocavam mercadorias e ainda voltavam pequenas importância pela transação.
Constituía-se em “escambão do comércio”, como lembra o comerciante Tomé, estabelecido no Mercadão com oficina de consertos de relógio e afins. Havia objetos roubados e inclusive alguns animais colocados à venda como cavalos, cães, gatos e até bodes e cabras. Em várias ocasiões a polícia esteve presente a fim de verificar a procedência dos produtos à venda, ou em busca de foragidos da justiça.
Célebres neste comércio e que ficaram marcados na história foram vários, entre eles Osvaldo, Zé Mineiro, José Vicente, Miguel Mineiro, Júlio Ribeiro, Ventura, B Bailoni, Calça-Curta e o famoso Manguaça – conhecido por encontrar-se sempre em completo estado de embriaguez, mas figura folclórica.
A “barganha” frente ao Mercadão funcionou por 4 décadas, e hoje um pouco combalida, encontra-se funcionando próximo ao Super Mercado Cofesa, na Avenida Peixoto Gomide, “mas sem aquele charme”.

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