Na praça da “Aparecida”, o grande salão da passagem de ano

“Nessa praça, outrora, ribombaram sinos”. A frase foi proferida na ocasião em que um expectador atentamente viu a reportagem sobre a praça da Aparecida, apresentada pela TV TEM, e que mostrou, praticamente toda a história do local. O logradouro, pode-se afirmar, tem quase a mesma idade da construção da Igreja Nossa Senhora Aparecida. Tudo começou quando o tropeiro Campinhos conduzia sua tropa levando mercadorias para vender, foi surpreendido por uma grande tempestade. Muito crente a Deus, o tropeiro, apavorado, prometeu, com toda convicção religiosa, que, se, logo viesse a bonança ele construiria uma capela em louvor à Nossa Senhora Aparecida.

Segundo consta, daí nasceu a atual paróquia, uma das mais desenvolvidas do município e que conta a seu favor com a tradicional festa, realizada anualmente, reunindo milhares de devotos que comemoravam com enorme fé cristã a Santa, “o amor dos brasileiros”. Com seu indefectível coreto, hoje desaparecido, o largo, de dimensões satisfatórias para todas as atividades, reverberava, principalmente nos finais de ano, quando ocorria o ápice da festa. Sucedia então a entrada de um novo ano, em meio à alegria indescritível da enorme multidão.
Considerada na época como o espaço para o “Réveillon”, durante mais de cem anos ela foi a principal atração dos Réveillons dos itapetininganos, toda a população, das variadas categorias sociais, dirigia-se àquele local, aguardando a esperançosa “virada do ano”, com expectativa das mais esfuziantes. Famílias locais patrocinavam e atendiam barracas contendo mil espécies de iguarias, além de outras que ofereciam divertimentos dos mais atraentes. Não pagavam um centavo de aluguel da área que ocupavam e toda renda obtida era destinada à igreja, para sua finalidade assistencial.

Banda musical, a cargo do saudoso maestro Durvalino Costa e Silva, serviço de alto-falantes, caminhões de frutas, tendas que ofertavam bolinhos de frango, pastéis, arroz doce, tudo feito artesanalmente, constituíam a alegria do povo que lá se acotovelava, numa “verdadeira mescla que igualava a todos, sem qualquer repulsa”, conforme lembrou o advogado Washington Luís Ramos, o “Tonzinho”, que “jamais deixou de passar o ano na Aparecida”, mesmo quando trabalhava na capital paulista.

Na praça existiam muitos barracões que serviam como restaurantes, durante os festejos de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora do Carmo – esta realizada no mês de julho e patrocinada pelos ferroviários da antiga Sorocabana. Funcionava também, a EE Modesto Tavares de Lima, enquanto se aguardava a conclusão do prédio próprio, e também sediou, por longo tempo, o Tiro de Guerra local. Como outros locais congêneres do município, na praça da Aparecida ocorriam constantemente os deliciosos namoros, iniciados às vezes sem consequência, mas geralmente coroados com a “sacramentação” do casamento. Curiosamente, esses casamentos eram realizados na própria capela, que foi demolida na década de setenta, época em que havia sido concluída a nova igreja, hoje abrigando a paróquia do mesmo nome, segundo o historiador Nogueira.

O ex-vereador Geraldo Franco revelou que um projeto do ex-prefeito Walter Cury, administrando o município na década de setenta, previa a conservação da velha igrejinha, inteiramente reformada e, em seu entorno, um lago iluminado, destacando a imagem grandiosa de Nossa Senhora Aparecida refletindo para toda a Itapetininga. O prefeito seguinte, por razões ignotas não deu sequência àquele empreendimento.

Neste último Réveillon, mais uma vez, a tradicional festa de final de ano não foi realizada no Horto Religioso, na Praça da Aparecida. Local que sempre ensejou a aproximação intensa de pessoas, aumentando relações de amizade, criando outras e permitindo realizar essa necessidade espiritual do homem, que é a sociabilidade.

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