Este é, justamente, o título do muito interessante livro do carioca Marcos Eduardo Neves (editora Ediouro, Rio de Janeiro). E quem é esse Heleno? Nada mais, nada menos do que um famoso jogador de futebol (Heleno de Freitas) que assombrou o Rio de Janeiro e Brasil nas décadas de 1930 e 1940, quando tornou-se um dos maiores ídolos desse esporte como atacante, principalmente do glorioso Botafogo.
Dono de dribles desconcertante, Heleno era um jogador diferente pois, ao contrario de outros, nasceu em berço de ouro, de família tradicional carioca. Elegante, bonito, atlético, “playboy”, deslumbrava a torcida botafoguense e irritava a ala adversaria que não perdoava a sua agilidade, o seu espirito de craque, o tiro certeiro aguou e o deboche que ele fazia quando passava por um, dois ou três que furava a rede do rival.
Heleno era o terror dos goleiros e das mulheres da então “Cidade Maravilhosa”. Como escreve o autor do livro Marcos Eduardo Neves, no capitulo I: – “…Deixava o vestuário com as pernas brilhando de massagem de aquecimento encharcadas de óleo. E um penteado à base de gomalina que, aliado a beleza física, dava-lhe um ar de Rodolfo Valentino (o insuperado astro do cinema mudo de Hollywood USA). Era um Adônis (o personagem da mitologia grega).
Quando entrava em campo, Heleno defrontava-se com a torcida adversaria (no Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense, América, Bangu e outros mais). E tal torcida sem piedade, o chamava de “Gilda” em relação ao filme estrelado Rita Hayworth (uma das rainhas do cinema norte-americano da época) e Glenn Ford. Interessante é que Heleno de Freitas jogou pouquíssima vezes no Maracanã. Este, foi construído para a Copa do Mundo de Futebol de 1950, Taça “Jules Rimet”, realizado aqui no Brasil, como todos sabem.
Heleno não foi convocado para a seleção brasileira da época e logo depois foi jogar na Argentina. Também não há muitas imagens dele em campo. Na década de 1940, principalmente, não havia muitos registros cinematográficos como acontece hoje. Heleno pertencia a alta sociedade carioca, tinha um perfil aristocrático e a massa suburbana do Vasco da Gama e Flamengo não o perdoava.
O belo Heleno, às da pelota, teve um fim trágico, inclusive por causa do seu gênio irascível. Este livro “Nunca houve um homem como Heleno”, além de contar a vida de um mito, narra todo o “glamour” de um Rio de Janeiro festeiro e cosmopolita dos anos 40, repleto de “encantos mil”. Uma leitura recomendável para quem quer conhecer um dos gênios da raça brasileira como Heleno de Freitas.
PS: Cronista desde “Correio de Itapetininga” Alberto Isaac que acompanhou a carreira de Heleno, considera-o como um dos mais complexos craques do Brasil. E há um filme sobre sua vida estrelado por Rodrigo Santoro.