O caranaval que não houve

Todo mundo sabe que a explosão do Covid 19, em escala mundial, aumentou a pressão pelo cancelamento de várias atividades do ser humano. Fábricas e estabelecimentos de vários gêneros, não considerados essenciais, deixaram de funcionar, inclusive escolas de todos os níveis e também o carnaval, que foi transferido para quando esse mal estiver controlado.
Na última semana recebi a primeira dose da vacina contra o Covid 19, no auge de meus noventa e cinco anos. No caminho até o posto onde seria aplicado o medicamento comecei a pensar e relembrar sobre os carnavais passados.
Segundo a história do Brasil, somente duas vezes o carnaval foi adiado em nosso país. No final do século XIX e depois em 1912. Nem na gripe Espanhola, os brasileiros deixaram de explodir na festa momista. Segundo Ruy Castro o Carnaval de 1919 foi um dos mais animados de todos os tempos. Chamado de carnaval da desforra, com direito à crônica de Nelson Rodrigues e posterior música de Assis Valente, com interpretação de Carmen Mirada.
Lembro-me que nem a revolução Constitucionalista, quando minha família mudou-se para Quatigua, no Paraná, e eu, muito criança ainda, em meio à crise vi o carnaval acontecer. Em 1943 o Brasil entrou na segunda guerra mundial, eu, alistado, aguardando a chamada para o front, mas acabei, como tantos grandes amigos, com o Waldomiro Benedito de Carvalho (saudoso Xuca), Bruno Pucci, Ari Codorna, Paulo Mendes, Olavo Hungria, Cícero Pelegrini, ficando apenas na reserva. E aqui, em Itapetininga, participamos de fervorosas comemorações de carnaval nos clubes Venâncio Ayres, Recreativo, Comercial e Treze de Maio. E isso aconteceu em 1943, 1944 e 1945. O carnaval não parou. Na década de 1960, com a ditadura militar, também o carnaval não parou.
Nunca imaginei que fosse viver um momento como esse. O silêncio e o medo não permitiram esse carnaval. Ainda bem, porque a morte não tem brincado com as famílias. E, infelizmente, foi banalizada.
Mas o que mais me assusta é que descobri com a ausência do carnaval desse ano, e como o comportamento da sociedade mudou e todos os finais de semana os jovens fazem festas, as chamadas baladas, churrascos, amanhecem nas ruas, o carnaval não é mais esperado como antigamente, ´para o desabafo, para esquecer o sofrimento do ano todo. O carnaval hoje é só mais uma data que pode ser mudada, pois festas não faltam. Poucos sentem a falta do carnaval atual. Sentem apenas a saudade dos carnavais do passado.

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