Quanto surgiu o então entrudo (carnaval) há dezenas e dezenas de anos atrás, as músicas da festividade além de cantarem amores bem-vindos e frustrados, criticavam também a regras da sociedade da época. Nem o Imperador Dom Pedro II no império, e depois os presidentes republicanos não ficaram a salvo de criticas ora muito ferinas, ora cômicas. Nem a Revolução de 30 quando Getúlio Vargas depôs o então presidente Washington Luís e por tabela o presidente eleito, o Itapetininga Júlio Prestes de Albuquerque, eleito naquele ano.
Getúlio Vargas uma espécie caudilho a partir dali mantendo um governo forte durante quinze anos (até 1945) até mesmo no Estado Novo, num período ditatorial do seu governo. Getúlio era alvo de exaltações e denuncias severas nas composições carnavalescas. No final do seu primeiro governo, na primeira metade da década de 1940, mandou prender as famosas duplas caipiras de Jararaca e Ratinho e Alvarenga e Ranchinho, então populares artistas de rádio, pelas sátiras nem sempre agradáveis ao chefe da nação.
No segundo governo Vargas, eleito pelo voto popular em 1950, um clima de aparente liberdade surgiu no cenário cultural do Brasil inclusive nas canções durante as festas de Momo daí, as marchinhas, que tornaram-se as músicas da Folia (além do samba) tiveram temas abordando tanto o sexo como a desigualdade social, mas de maneira mais oculta. Exemplo: 1952 a “vedetes” do teatro de revista Virginia Lane grava e lança no carnaval (para todo país) a marchinha “Sassaricando”, de Luiz Antônio e Jota Junior e que foi cantada pelos brasileiros de todas as idades. Estas músicas foram tocadas o dia (e noite) inteiro e não havia quem não soubesse a letra e a música. Nos bailes infantis “Sassaricando” foi entoada a plenos pulmões pela garotada. Mas, o que significava “sassaricar”. A letra dizia: “Sassaricando todo mundo leva a vida no arame; sassaricando, a viúva, o brotinho e a madame; o velho na porta da Colombo é um assombro; sassaricando” (primeira parte). Pelo enredo o verbo sassaricar deveria ser um prazer. Mas, prazer do que? Daí, cada um dá a sua opinião. Em 1954, a mesma Virginia Lane, como sempre, com uma voz repleta de malicia entoava “A marcha da banana”, cujo os versos na primeira parte diziam: “Banana não tem; caroço não tem; e ferve a qualquer pescoço meu bem; além de uma coisa a mais; uma banana só não satisfaz”. Para os ingênuos no caso, a banana seria uma fruta. Para os mais afoitos também no caso a banana poderia ser um… um órgão sexual.
Os compositores Luiz Antônio e Jota Junior os mesmo de “Sassaricano” eram militares então, usavam pseudônimos para esconderem seus verdadeiros nomes. Principalmente Luiz Antônio, (cujo o nome verdadeiro era Antônio Pádua Vieira da Costa). Foi considerado um gênio oculto da música popular brasileira. Estes compositores não ficaram só nas composições maliciosas, Luiz Antônio e Jota Junior compuseram marchinhas de apelo social cantadas por Marlene, da Radio Nacional do Rio de Janeiro como “Sapato de pobre” que dizia mais ou menos, “sapato de pobre e tamanco e almoço de pobre e café…”. Também lata d’água na cabeça. (lá vai Maria…). Isto em 1952. Em 1953 fizeram “Zé marmita” (“quatro horas da manhã; sai de casa Zé Marmita; pendurado na porta do trem; Zé Marmita vai e vem). A interprete Marlene era extrovertida, cantava de maneira rápida sempre alegre e movimentava-se muito, dava muita atenção ao ritmo. Mas as letras mostravam a dura realidade dos morros cariocas e as duras vidas dos desfavorecidos e as mazelas do sistema social vigente. Apesar de aparentemente alegres, as marchinhas, no fundo eram tristes.
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