O legado deixado por dona Angelina Colombo Ragazzi

Por: Mayara Nanini

No dia 15/07/2023 fez sete anos que Angelina Merope Anna Colombo Ragazzi nos deixou, assim como os dias gelados que enfrentamos agora, seu canto cessou na terra, mas se eternizou em nossos corações.
Diante disso, seria preciso mais do que um artigo para revisitar as contribuições que essa grande mulher realizou em nossa sociedade, mas é necessário – mesmo que em poucas palavras- falar sobre seu caráter, dom e principalmente sua alma de artista.
Sua jornada na terra teve início em 03/05/1931. Foi Paulistana de nascimento, mas Itapetiningana de coração.
Era filha de Beatriz Mazzei Colombo e Sulpizio Colombo. A família foi a precursora na arte do cartão postal e, desde pequena teve grande influência artística, seja nas pinturas dos cartões, ou no piano, ao aprender com seu pai, a arte da música. Vale reforçar que ele foi, inclusive, cantor lírico no Scala de Milão.
Estudou música na Faculdade Santa Marcelina e com vinte anos, após o casamento com Stefano Ragazzi, passou a residir em Curitiba, enquanto seus pais, em um certo momento da vida, deixaram São Paulo e vieram para Itapetininga.
Quando a mãe faleceu, fez de Itapetininga seu lar, junto com seu esposo e filhos.
Diante disso, essa grande mulher elaborou projetos lindos em nossa cidade. Iniciou sua jornada profissional, a partir do talento que herdou do seu querido pai: a música. Recebeu o convite para lecionar na “Escola Modesto Tavares de Lima”, criou o Coral da “FKB – Fundação Karnig Bazarian” e da “Faculdade OSE”.
Levou ainda o nome de Itapetininga para diversas apresentações de orquestras que realizou no País e também para o Conservatório de Tatuí, “Dr. Carlos de Campos”, onde lecionou por mais de vinte anos.
Cantou em casamentos, Bodas de Ouro e outros eventos maravilhosos. Ofereceu aulas particulares. Promoveu eventos marcantes em clubes e escolas da cidade. Incentivou a cultura sempre com ternura e amor, até o seu último suspiro.
Sempre impecável e com um belo sorriso no rosto brilhava no piano, em coral e, inclusive nos olhares de quem a rodeava. Em suma, agraciou diversas pessoas com uma memória linda sobre a arte musical.
Deixou um legado incapaz de ser corrompido e marcas que transcendem qualquer explicação terrena.
Era o amor de Stefano, a fortaleza como mãe para Marina, Helena, Regina e Paulo. Gerou boas lembranças aos netos Stefano, Rafael, Victor, Gabriel, Leandro, Paola, Lucas, Beatriz e Fábio. Será sempre o motivo de exemplo aos bisnetos Lorenzo, Alice, Ana Isis e Bento. Perpetuará entre a posteridade, com genros, nora, amigos, alunos e demais familiares.
“Existem seres que irradiam luz em nossas vidas. E com o enorme privilégio de ser sua filha, fui abençoada. Ela orientou-nos sobre caminhos tortuosos, e sempre nos estendeu suas mãos tão talentosas, com uma suave firmeza. Grande legado em muitas vidas. Gratidão e amor profundos, minha eterna linda, linda”, indagou sua filha Helena Ragazzi Isaac.
Triste é saber que não conheceu seus lindos bisnetos, mas é tão mágico perceber o quanto dela existe neles. O dom e amor pela música visitou a família por meio do talento de Dona Angelina e, hoje vemos filhos, netos e bisnetos que transpiram esse legado. Seja por meio das filhas Regina (professora de música/ musicoterapeuta) e Helena (musicista), que tanto cooperam com a cultura em Itapetininga, ou ainda pelos netos tão talentosos.
“A Vó Angelina era vaidosa. Estava sempre com a pele impecável, maquiagem, lenços, brincos e broches. Era boa em tudo o que fazia e ensinava com amor. Cheguei a fazer algumas aulas de canto com ela. Curtíamos muito aqueles momentos. A música que ela mais gostava que eu cantasse era “Além do Arco-Íris”, relembrou Paola Moreira Ragazzi, que foi identificada pela avó como médio soprano.
“Sabe a figura daquela mãezona? Assim que me lembro da vó Angelina. Ela sempre incentivou a cultura na família. Até mesmo nosso natal era com a vó Angelina no piano, para avisar da chegada do Papai Noel. Uma lembrança linda é a de que estudei música desde os seis anos de idade e, na minha primeira apresentação de flauta, a vó acompanhou meu grupo, no teclado”, relata o neto Rafael Ragazzi Isaac, que hoje encanta com seu saxofone em eventos maravilhosos.
“Uma história engraçada foi quando eu fiz conservatório em Tatuí. Na primeira aula de coral a professora descobriu que meu sobrenome era o mesmo da vovó Angelina. Após confirmar o parentesco, ela disse que vovó era um expoente a todos na área de canto do conservatório. Desde então fui tratado de forma especial pela professora”, relembrou Victor Ragazzi Isaac, neto de Dona Angelina, que até hoje toca violino.
Dona Angelina é a responsável pelo desabrochar de muitos musicistas da cidade. Um exemplo foi a preparação dos artistas para o Musical “Simplesmente Francisco” que, mesmo após sua partida, arrancou lágrimas de alegria.
“Conheci a dona Angelina nas aulas de canto, para o grupo THESPIS, do qual fazia parte. Ensaiávamos o espetáculo “Simplesmente Francisco”, dirigido pela artista Margha Bloes. Sempre gostei muito de cantar, então essas aulas geraram uma sementinha, de um dia, aprender canto lírico. Hoje sou estudante de Canto Lírico no Conservatório de Tatuí. Após iniciar os estudos me veio o desejo de ministrar aulas de canto. Ela – dona Angelina – é a inspiração da onde quero chegar um dia, que é dar aulas de canto e cantar até o resto da minha vida”, diz Tamara Chiavegato, de 24 anos.
Hoje, dedos tocam as teclas ensinadas por ela e vozes conduzidas pela Mestre provam a catarse em um público sedento.
No dia do aniversário de oitenta anos, Paulo, seu filho, deixou uma mensagem que nos faz refletir “Quem pode rir, amar a vida e as pessoas, e delas tirar alegria, merece viver milhões de anos”.
A querida Lina, como os mais íntimos chamavam, deixou um legado maravilhoso, que, como se pode observar, veio de seu pai e transcende gerações.
Com sua maestria em arrancar alegria, viverá milhões de anos. Seu legado perpetuará no tempo e ganhará outros corações, seja por meio de seus familiares e/ou alunos tão amados.
Registramos aqui a nossa felicitação por ainda fazer vibrar tantas vidas, afinal, o amor transforma e a música sempre foi a extensão desse amor.
Dona Angelina, da onde estiver, cante, e escute o nosso “muito obrigado” no “tom maior” de amor e gratidão.
Itapetininga agradece por seu legado muito bem sentido, afinal, como disse sua filha Regina Ragazzi De Paula, para uma entrevista na Revista TOP, “Deixar um rastro de história, nos mostra que temos uma vida bem vivida”.

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