O que estaria fazendo hoje – caso estivesse entre nós o então octogenário Dr. Roberto Afonso Placo, que permaneceu, educou e se integrou em Itapetininga, por mais de meio século? Com a palavra seus pacientes – hoje em número diminuto – um ainda expressivo número de amigos e familiares que jamais se esqueceram do grande médico, considerado por toda população local e parte desta área do Estado de São Paulo.
Figura que sem dúvida, engrandeceu a medicina e não queria ser engrandecido pelos feitos realizados em favor da saúde, do próximo que cuidava com desvelo, carinho e repleto de sentimento humano. Um médico, que procurava a todo custo, conservar ou restituir o estado saudável de qualquer cidadão, tratando a todos com o desejo de curar, sem atentar para a cor, condição financeira, raça ou idade de quem o procurava.
Simpático, meia-altura, um pouco reforçado fisicamente e poucos cabelos, sua cabeça lustrosa refletia grande atração e segurança àqueles que necessitassem de seus valiosos préstimos.
Pelas várias ruas da cidade, uma Itapetininga tranquila, mas movimentada, onde se destacava o bulício e a alegria dos estudantes da inolvidável “Peixoto Gomide” , atrelada à fama de possuir sempre o melhor corpo docente do Estado de São Paulo, Roberto Afonso Placo, ou simplesmente Dr. Placo, deslizava suavemente, em passos cadenciados, com a “maleta” e seus instrumentos apropriados de um médico. Por vezes, para se proteger das intempéries do tempo, era visto usando chapéu de feltro ou de “palhinha”. Sempre pronto para atender o paciente que o chamava.
Em seu consultório, no casarão onde se localiza hoje o Banco Itaú, em plena praça dos “Amores”, atendia em determinadas horas e seu trabalho se estendia em Postos de Saúde de outras localidades vizinhas. De ônibus – pela manhã – dirigia-se à São Miguel Arcanjo, desenvolvendo a missão, também, no Posto de Saúde e Santa casa locais. Sempre disposto e sorridente, como lembra ainda hoje o ex-comerciante Osvaldo Piedade, um paciente fiel ao Dr. Placo.
Estudante fervoroso, jamais deixando de se atualizar na espinhosa e delicada profissão, tinha ainda tempo para dedicar-se carinhosamente à família. Família composta pela fiel companheira Dona Ruth e 13 filhos – completando um lar repleto de felicidades.
No ano de 1971, inaugura-se o Centro Modelo de Saúde I, denominado Roberto Afonso Placo, onde ele chefiava e trabalharam os facultativos de renome Cid Pinerolli, Drs. Temístocles, Laert, Bastos, Abel e Juremir Ferreira, além de um quadro de funcionários de alto nível, integrado, entre outros, por Maria Auxiliadora França Isaac, Thereza Barone, Geni Abib, Dino Decorações, Laert Moraes, Ari (Codorna) de Almeida.
Dr. Roberto Afonso Placo, que honrou sobremaneira a medicina, exercendo-a no Adolfo Lutz, Santa Casa e em São Miguel Arcanjo, tem seu nome, atualmente lembrado em uma placa no corredor de uma das dependências do prestativo AME, localizado na Rua Pedro Marques, mas com pouca visibilidade.
Estranho caso foi o de um jovem professor que contraiu, em bairro de Registro onde lecionava, manchas vermelhas que surgiram em toda parte de seu corpo, provocando intensa micose e transformando em bolhas que não se dissipavam. Após procurar diversos médicos do litoral, inclusive internando-se no Hospital de Pariquera-Açu, sem nenhum resultado e agravando seu estado de saúde, veio a Itapetininga. Os médicos da época não conseguiram detectar a doença e nem debelar o mal, supondo ter o paciente contraído hanseníase.
Numa consulta com o Dr. Placo, em seu consultório, este rapidamente analisou o paciente e mesmo em pé, forneceu a receita. O professor, hoje aposentado e residindo em Itapetininga, seguiu a prescrição médica e em menos de 48 horas a bolhas desapareceram e se esfarinharam, voltando à saúde à plenitude da normalidade. O professor, até hoje, não sabe que doença o acometeu, mas é imensamente grato ao Dr. Placo pela sua competência, capacidade e humanidade.
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