Profissões do passado que desaparecem em Itapê

Ofícios ou profissões que dominaram soberanamente em Itapetininga, em épocas não muito remotas, foram substituídas atualmente por novas tecnologias. São novidades em sua última atualização, divulgadas em janeiro do ano passado. Na lista de 2.619 atividades relacionadas no “Classificação Brasileira de Ocupações”, duas novas famílias ocupacionais foram incluídas: a os profissionais e a dos técnicos da inteligência – representando então trabalhadores ligados à informática.
A vida mudou e muitas profissões ou ocupações, não só em Itapetininga com em outros municípios, não mais deverão existir em anos vindouros, de acordo com o “caminhar da carruagem”. Não conseguirão, dizem os técnicos, acompanhar as novas tecnologias baseadas na eletrônica ou nos modernos métodos de produção. Vão se tornar absoletas ou supérfluas para o mercado.
Observando-se rapidamente, constata-se que a lista é muito grande, reunindo profissões quase todas com componentes artificiais ou manuais. Já quase não existem mais o alfaiate, o amolador de facas, o velho contador individual (o famoso e respeitado guarda-livros), a costureira (poucas em Itape), o datilógrafo, o linotipista, o engraxate, o fotógrafo (com estabelecimento comercial próprio), o reparador de caneta-tinteiro (lembram-se de Issa Bittar?), o consertador de guarda-chuvas (o conhecido espanhol Garcia e o Jamil, descendente de libaneses), o operador de mimeógrafo, o sapateiro, o tintureiro e o tipógrafo. No caso de guarda-chuva, geralmente são todos descartáveis, não compensando o seu conserto.
O avanço da informática destinou a máquina de escrever para o museu e pouco são usadas. Na rua Saldanha Marinho funciona um estabelecimento dedicado ao reparo daquele equipamento, e também em algumas cidades, comerciantes de antiguidades com o objetivo de vender máquinas de escrever para colecionadores, procuram-na ansiosamente em todas as partes da região. Poucos são os sapateiros em plena atividade atualmente. Um deles, nesta cidade, diz que os calçados de hoje tem um tempo de vida limitada. Conta que somente pessoas de posse que calçam modelos importados mandam consertar os sapatos e, tempos atrás, tínhamos os fabricantes artesanais como Tuím, avô de Dedé Guarnieri,o Cauchioli (craque futebolístico da AAI), o querido Costábile Matarazzo, Idalino Franci e outros.
Em nosso município, alfaiates e costureiras deixaram de existir, não se conhecendo mais oficiais para pequenas reformas, (recentemente faleceu o conhecido Vico, um dos últimos remanescentes da geração de alfaiates). Os famosos tintureiros fizeram histórias em Itapê, como Araldo (sendo apelidado de Leão).
Anunciato, Tôco e seu irmão, com estabelecimento na rua General Glicério e posteriormente na Barbosa Franco e Saldanha Marinho dezenas de outras profissões ou ofícios viraram acervo de museus, mas não seria justo dizer que nossa sociedade nada releve das profissões que já morreram.
Muitos, de fato, cultivam mal o seu passado, mas alguns ofícios permanecem tão vivos na memória popular que inspiraram até temas de filmes e poemas, como o acendedor de lampiões (Lampião de gás, interpretado por Inezita Barroso) e o poema “Quando eu morrer não venda a minha máquina de escrever” de autoria de Ghiaroni, astro da antiga Rádio Nacional do Rio de Janeiro, para citar alguns exemplos.
Obs: Alguns dados desta crônica foram obtidas da revista “Problemas Brasileiros”.

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