Aconteceu comigo. Serei breve. Quando eu cheguei, ele saía. Olhou para mim seriamente e, por cima dos óculos. Cumprimentei-o, mas ele não respondeu. Fui atendido por uma jovem. Apresentei os meus documentos exigidos. Quando eu falei que era Mestre em Comunicação e Letras, pediu o comprovante. Não havia trazido. Falei que traria depois.
Fiquei sentado, esperando as anotações. Voltou o homem sério e de poucas palavras. A moça referiu-se à minha graduação e ele deu aquele risinho, e disse, debochando:- Mestre, Mestre. Saiu novamente sem olhar para mim.
No Brasil, não há acepção de pessoas para trabalhar em serviços braçais, como jardineiro, coveiro, varredor de ruas e outros afins, porém há discriminação, quando o trabalho não é manual.
Fui obrigado a levar, no dia seguinte, uma xérox autenticada do meu diploma de Mestre em Comunicação e Letras, expedido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Antes, porém, tive que escrever um pequeno conto.
Tiago, irmão do Senhor Jesus, disse: “Meus irmãos, não tenhais a fé de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da Glória, em acepção de pessoas.” Depois de uma advertência, tomando como base a lei mosaica, afirma: “Se cumprirdes, conforme a Escritura a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas se fazeis acepção de pessoas cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores.” Diz ainda, completando o seu pensamento como teólogo: “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, torna-se culpado de todos.” (Tiago 2)
Estudei em Seminário Presbiteriano e lá recebi o diploma de Bacharel em Teologia, depois, numa Complementação Filosófica, recebi do MEC uma carteirinha, autorizando-me a lecionar História, Sociologia e Filosofia. Sociologicamente é difícil sanar a discriminação. Salomão, o terceiro rei de Israel, escreveu um livro conhecido por “Cantares de Salomão”. Faz parte dos livros poéticos da Bíblia. O filho de Davi colocou nos lábios de uma jovem, cor de jambo, estas palavras sentidas e melancólicas: “ Não olheis para o eu ser morena, porque o sol resplandeceu sobre mim: os filhos de minha mãe se indignaram contra mim, e me puseram por guarda de vinhas; a vinha que me pertencia não guardei.” O livro foi escrito no século X a.C. e já nessa época havia a discriminação. Robert Lee, no seu livro “A Bíblia em Esboço” afirma que a morena confessa a sua fraqueza e lembra, saudosamente, das misericórdias passadas.” A palavra chave do livro poético é “amor”.
Deus é Amor e só o Amor pode desfazer as diferenças e nivelar a humanidade sob a égide da bondade, da paz, da longanimidade, benignidade e da mansidão.
Eu quero amar o diferente, como o Amor me amou e se entregou por mim na cruz do Calvário. Eu quero amar, como o Amor me amou e não me deixou sozinho no mundo, mas está sempre comigo, na Pessoa do Espírito Santo. Eu quero amar como o Amor me amou e me ama pelos séculos e séculos sem fim. Que Amor!