Quando era menino, conheci o Sr. Manuel, português de origem e brasileiro de coração, como ele dizia. Ele tinha duas mulheres. Uma morava na vila Talarico e a outra na cidade Líder, perto de Itaquera. Ele trabalhava na vila Dalila. Era sapateiro e amigo de todos. Todos os dias, durante a semana, ele passava na casa de sua amante e, depois ia dormir com a portuguesinha. Todos sabiam disso. Ele vivia feliz com as duas e tinha filhos e filhas com as duas. Eu achava graça de tudo isso. Zequinha, filho da portuguesa, estava sempre na casa da amada de seu pai.
Salomão, o terceiro rei de Israel, no entanto, possuía setecentas mulheres e todas princesas, portanto lindas e educadas. Possuía, também, trezentas concubinas, isto é, mulheres que viviam com ele, mas não eram esposas. Sempre gostei de ler a Bíblia e, quando era menino, ficava admirado com a história de Salomão, possuidor de tantas mulheres. A Sagrada Escritura usa o verbo ter. Tinha, diz o texto. O verbo ter, que é transitivo direto, exprime posse, na sua primeira acepção e até hoje o homem não consegue se libertar desse poder que parece intrínseco. Deixemos esse problema para os sociólogos.
A Bíblia afirma que, quando Salomão envelheceu, as mulheres perverteram o seu coração e ele deixou de ser fiel ao Criador que lhe dera sabedoria, riqueza e poder. O terceiro rei de Israel, que era tão sábio, passou a adorar Astarote, deusa dos sidônios. Adorou Milcon, que era deus dos amonitas e a sua abominação continuou. Adorou Camos, deus dos moabitas, assim como Moloque, deus dos amonitas.
Deus, o Criador dos céus e da Terra, que lhe concedera sabedoria, riqueza e poder, indignou-se, usando o linguajar humano, e disse a Salomão: “Visto que assim procedeste e não guardaste a minha aliança, nem os meus estatutos que te mandei, tirarei de ti este reino e o darei a teu servo. Contudo não o farei nos teus dias, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o tirarei”. O final da história todos sabem. Roboão, filho de Salomão, perdeu dez tribos para Jeroboão, servo de Salomão, cuja mãe era mulher viúva, por nome Zeruia.
Não sei quando e nem o porquê, ele, Salomão, rei de Israel, o mulherengo, disse, aconselhando: “Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda”. Disse mais o sábio: “Filho meu, guarda o mandamento de teu pai para te guardares da vil mulher e das lisonjas da mulher alheia. Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te deixes prender com as suas olhadelas…” “O que adultera com uma mulher está fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa… Porque o ciúme excita o furor do marido; e não terá compaixão no dia da vingança…” “O cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas a vitória vem do Senhor”. “Quem ama os prazeres empobrecerá, quem ama o vinho e o azeite jamais enriquecerá”. “O homem justo fica atento para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel”.
(Leia a história de Salomão, na Bíblia. Leia, também, Provérbios 6. Tudo foi inspirado, uma vez que a Bíblia é um livro inspirado pelo Espírito Santo de capa a capa.)
