Coincidentemente duas novelas em exibição atual na Rede Globo apresentam um tema maior: a terra. Tanto no “Vale a pena ver de novo” (de segunda às sextas-feiras às cinco e quinze da tarde, por aí) mostrando “Rei do Gado” de Benedito Ruy Barbosa exibida na década de 1990 e no horário nobre (nove e meia da noite), quanto “Terra e Paixão” de Walcyr Carrasco, o chão é que gera os motivos de intrigas, ódios, brigas (e tudo mais) entre os personagens da trama. E a abordagem de cada uma parece ter objetivos diferentes.
No “Rei do Gado” a questão maior é a luta pela sobrevivência dos sem-terra e conquista por seus possíveis direitos, ou seja, aproveitar terras improdutivas (principalmente nos estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e que são impedidos pelos grandes latifundiários (proprietários rurais de grandes extensões), além da difícil vida dos cortadores de cana com trabalho árduo sob um sol impiedoso ou chuva contínua. Além disso são transportados para as plantações em transporte indigno; vivem mal, comem mal e quase são considerados como trabalhador escravo. A novela é da década de 1990, mas tudo isso, em alguns lugares no Brasil continuam com os mesmos problemas, isso em 2023. Parece que pouco mudou.
O Movimento dos Sem Terra ainda é um palavrão para certos setores da mídia impressa, falada, vista do Brasil, como em alguns setores do Congresso (Câmara e Senado). Tanto que a Feira do M.S.T no Parque Água Branca na cidade de São Paulo (parece que foi encerrada no último domingo) foi recebida com um profundo mal-estar em determinada classe social (ou classes). Esquecem estes reclamantes que os trabalhadores deste Movimento são considerados os melhores produtores de alimentos orgânicos no Brasil, principalmente o arroz. E que tais Feiras são visitadas por diversas classes sociais, dizem que até o pessoal da avenida Faria Lima de São Paulo (berço da capital nacional), a frequentam.
Na atual “Terra e Paixão”, pela mesma Globo (2as aos sábados, às nove e meia da noite), de Walcyr Carrasco, a terra é glorificada pelo Agronegócios, pelos produtores rurais que acreditam no progresso individual (eu consigo… eu faço…). Num destes capítulos, o personagem do ator Cauã Reymond exaltou (por minutos) o Agro. Até agora os Trabalhadores Sem Terra não apareceram na história, como se não existissem… Uma questão ideológica? Talvez não. Seria mais um enfoque, um ponto de vista desta classe laboriosa que alimenta o país. Mas também, os trabalhadores deste setor também (em grande parte) vivem mal.
Se fato é foto…
O casal Itapetiningano Roberto Barsanti e Márcia Terra Barsanti estiverem recentemente na Turquia e aproveitaram para conhecer a belezas, os encantos e os mistérios que a região da Capadócia tem a oferecer. Foto – Arquivo Pessoal