Um hiato em nossas tradições

Cai cai balão
Cai cai balão
Aqui na minha mão
–//–
Acende a fogueira Yayá
Acende a Fogueira Yoyô
–//–
Com a filha de João
Antônio ia se casar
Mas Pedro fugiu com a noiva
Na hora de ir para o altar
–//–
Capelinha de Melão
É de São João
É de cravo é de rosa
É de manjericão

Canções alegres, brejeiras, ingênuas e deliciosas, todas dedicadas exclusivamente à época das festas do mês de junho e início de julho, quando se comemoravam com paixão devoção e amor o dia desses demiurgos e simpáticos santos. Nesse agradável mês de junho, , a cidade exultava de plena satisfação com as tradicionais festas e bailes que se realizavam não só nos clubes, como em toda a zona rural e casas particulares. Fogos de artifício, rojões espocavam no céu, bombinhas e busca-pés, provocavam o frenesi nas jovens. A indefectível fogueira estava presente em quase todos os festejos e a revolucionária “quadrilha” constituía-se na sensação maior. Todos vestidos a caráter, trazendo no rosto a expressão de completa felicidade. No Largo dos Amores, principal e local de encontro dos itapetininganos em todas as ocasiões, o alto-falante, colocado no prédio Guidugli (hoje todo azul), transmitia músicas atinentes aos Santos de junho. Todos os clubes locais “Venâncio”, “Recreativo” e “13 de maio”, promoviam característicos bailes, sendo os conjuntos musicais um “espetáculo à parte” diante da alegoria que proporcionavam à medida que executavam as músicas típicas. Tudo isso, acompanhado pelas quadrilhas – damas de salão em que tomam parte várias turmas de pares. Um dos principais conhecedores, “professor” e organizador de “quadrilhas” era o conhecido Máximo Garrido, fundador da Vila Máximo e pai do empresário Clodoaldo Gomes. Havia em qualquer festa junina as barracas que ofereciam comidas típicas e toda decorada com bandeirinhas ostentando as figuras dos santos homenageados. Em Itapetininga, na década de 1940, um ferroviário residindo na Lagoa Seca, final da rua Dr Coutinho, frente à sua residência, oferecia a toda a população local e a qualquer pessoa “grande festa junina”. Com placo armado no centro da rua – aproximadamente onde hoje está instalada a Igreja Assembleia de Deus – e o conjunto musical animava o evento, distribuindo guloseimas e bebidas em profusão. Eram centenas e centenas de pessoas que iam prestigiar o acontecimento. Ele, de nacionalidade portuguesa, proclamava que “a festa era uma homenagem a Santo Antônio, São João e São Pedro, pela sua felicidade e felicidade do povo itapetiningano”. No próximo 12 de junho, Dia de Santo Antonio, o santo casamenteiro, muitos ainda vão se recordar das festas que eram realizadas nas chácaras que existiam nas proximidades do Rio Itapetininga e Chapadinha, respectivamente de Fauzi Aborarrage e Chaquibe Ozi, em homenagem aos “Pedros” de toda Itapetininga. Seria leviano dizer que não existiram mais grandes festas em nossa cidade, até o ano passado . Alguns costumes e tradições permaneceram intactos, outros foram se transformando e, na maioria dos casos, as paróquias católicas, em parceria com empresas patrocinadoras, é que realizavam as nossas festividades de juninas. Neste ano , novamente , em consequência à terrível Pandemia do Coronavirus, que já ceifou quase 500 mil vidas no Brasil e mais 450 em nossa cidade, junho e julho serão diferentes, não mais cantaremos as velhas canções juninas, não mais dançaremos a quadrilha ou pularemos as fogueiras , nem assaremos milho nelas. As festas só poderão ser através de aplicativos na internet, onde as pessoas façam seus lives, e curtam e compartilhem pelos seus perfis, ou, como recentemente, realizou a paróquia da Catedral, festa em Drive True. Triste realidade onde teremos de reinventar nossos costumes e nossas tradições.

Últimas

CORREIO POLÍTICO 997

CORREIO POLÍTICO 997

Exército Após o final do prazo para a filiação de possíveis candidatos, continua a corrida atrás de partidos políticos. Um número maior de partidos traz mais candidatos a vereador e...

Itapetininga tem quase 300 casos de dengue confirmados

Cidade registra 450 casos de Dengue em uma semana

Itapetininga registrou 450 novos casos de Dengue em uma semana. Ao todo, a cidade confirmou neste ano 1.531 casos positivos da doença. Um único caso de Chikungunya foi identificado em...

Queimadas aumentam em mais de 30% em 2024

Queimadas aumentam em mais de 30% em 2024

Em Itapetininga, nos primeiros quatro meses do ano, houve um aumento de 30% nos registros de queimadas em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com os...

mais lidas

Assine o Jornal e tenha acesso ilimitado

a todo conteúdo e edições do jornal mais querido de Itapetininga

Bem vindo de volta!

Faça login na sua conta abaixo


Criar nova conta!

Preencha os formulários abaixo para se cadastrar

Redefinir senha

Por favor, digite seu nome de usuário ou endereço de e-mail para redefinir sua senha.