Itapetininga ficou conhecida na história regional como a terra das escolas. Hoje, com exceção de nossa arquitetura, esta referência está homogeneizada em um contexto estadual e nacional. Estamos imersos numa realidade educacional que exige atenção e engajamento por parte da população.
É importante rememorar nosso passado brilhante, mas não como uma memória ufanista e esvaziada de sentido, mas sim como um pontapé nas vontades políticas de que nossas escolas sejam espaços de construção de conhecimento e empoderamento das crianças e jovens que por ela passam.
No Brasil, foram anos até que pudéssemos observar uma situação onde o direito à educação não fosse privilégio de poucos. E é nesse passado atrasado de acesso à educação que nos distanciamos dos países que alcançam índices de qualidade. Enquanto lá fora se discutia a alfabetização da população no fim do século XIX, aqui ainda estava se discutindo o fim da escravidão. Ainda hoje, os melhores cursos e universidades estão ao alcance dos que usufruem de melhores condições materiais.
As recentes propostas de reformas na educação também não são animadoras, que vão desde a exclusão de algumas áreas de conhecimento ao uso de ensino virtual, assim como o congelamento de verbas a nível federal. Damos sempre dois passos para frente e um para trás.
Mudar a realidade da escola pública é um processo, pois são anos de exclusão e retrocesso. Além da esperança, precisamos de propostas concretas e não soluções mágicas e alarmistas, como temos ouvido da boca de políticos que não conhecem esta realidade ou nunca leram algumas linhas sobre os diversos estudos em torno da educação no Brasil. Quem carrega a educação nas costas, os professores, entendem que a labuta é como a do agricultor, que pacientemente cuida das sementes que planta e espera a ação do tempo e da natureza.
Ainda assim, a Escola Pública hoje é um espaço de esperança. É nela que estão a maioria dos jovens desse país e dela também que sairão pessoas brilhantes. É o grande espaço da diversidade, que independente dos índices, promove a alteridade na convivência com o outro, com o diferente e com os desafios que uma sociedade desigual nos coloca.
Sociedade essa que infelizmente tem valorizado mais a duvidosa informação das redes sociais, do que o conhecimento acumulado pela humanidade através dos livros.
É na escola pública que nosso futuro, tão cheio de passado, pode florescer pois é nela que cresce uma geração que não aceita mais o retrocesso.
*Prof.ª Thais Maria Souto Vieira – A professora é Mestre em Estudos Culturais (USP), Cientista Social (Unesp), Professora de Sociologia da EE Fernando Prestes – Especial para o Correio de Itapetininga