Mayara Nanini
Especial para o Correio
A vida é cheia de significados e, durante a jornada, aprendemos a dar voz aos anseios mais profundos.
Adriana Soares Fernandes, palestrante e escritora, de 50 anos, conta que sentia muita vergonha e medo de falar. Diante de tal questão se desafiou e assumiu uma nova função. “fui fazer curso de voz, exercícios com fonoaudióloga. Gosto da seguinte sigla e falo constantemente HAD (HOJE, AMANHÃ e DEPOIS), repetição, constância fazer sempre, treinar. A timidez vai embora, mas não some o friozinho na barriga” diz ela.
Logo ela que era tímida, hoje é palestrante e auxilia os que também desejam palestrar, seja por meio da sua voz ou da escrita: “O Start da primeira publicação em coautoria – obra “Generais em Movimento” – só aconteceu em 2021, depois de uma mentoria, onde fui estimulada a tirar as ideias da cabeça e passar para o papel. Gerou uma mudança de mindset e no status quo. Em seguida fiz curso de palestra com o Roberto Shinyashiki e este grupo me convidou para outro livro em coautoria, com a Kátia Teixeira, idealizadora do movimento para mulheres, que desejavam escrever, junto levando conhecimento e apoio a mulheres em vulnerabilidade social. Demorei para aceitar esse convite, pois palestrava sempre para pequenos grupos. Todas as coautoras de “Quais de Mim Você Procura” fazem palestras para esse público, tendo como ação a doação de metade dos livros vendidos pela editora Agora que São Elas”.
A mudança pessoal não é uma tarefa fácil. São várias versões de nós e uma infinidade de estigmas. Para nossa escritora/palestrante, o desafio é ainda maior. Doa seu tempo para a transformação na vida daqueles que estão sedentos por palavras.
Ela acredita que é possível que alguém se torne palestrante através do ambiente que é inserido e dos gatilhos que promovam o aprendizado na área: “Não creio que a cultura em si possa transformar pessoas em palestrantes, mas se o ambiente disponibiliza recursos favoráveis, com certeza supre as pessoas com ferramentas necessárias, possa se tornar um bom palestrante. Anteriormente disse que me desafiei a falar com as pessoas. Fazia isso até mesmo em eventos, enquanto cerimonialista. Não fui estimulada na infância a ter uma oratória de impacto, como minha amiga Daniela Cardoso, palestrante e criadora do método “oratória de impacto” no Amazonas. Se, desde a tenra idade, os quatro pilares da educação forem fortemente estimulados, e priorizado como o 1º pilar o “SER” (ressaltar a identidade, estimular os outros três pilares que são o “Aprender”, o “Conviver” e o “Fazer”), este indivíduo teria a possibilidade de ter autoestima.
Isso geraria uma capacidade de se disponibilizar a aprender, cooperar com os colegas e saber pedir ajuda, fazer junto com o outro, seja o colega, o professor, ou os pais”. Ainda vai além: “E se desde a educação infantil nas escolas municipais pudéssemos estimular nossas crianças? Como seria se pudéssemos contar com um centro cultural com projetos de estimulação infantil? Que sonho bom de se sonhar, não acha?”
A oratória é instrumento para uma grande performance no meio corporativo e o seu alcance gera um impacto extraordinário na vida pessoal. Faz parte da evolução e, como disse Adriana, seria de um grande sonho se fosse trabalhada de forma direta até a infância.
Que a força da voz de Adriana ecoe e conquiste novos feitos para essa geração que tanto sente receio em se desafiar para aprimorar a arte de falar em público.