Desde que o filme “Barbie”, protagonizado por Margot Robbie e Ryan Gosling, estreou nos cinemas no último dia 20 desse mês, a cor rosa está na moda e é um dos assuntos mais comentados em todo Brasil, inclusive em Itapetininga.
No comércio, devido ao lançamento do filme, a procura por peças na cor rosa foi grande. A comerciante Natalia Delgado, proprietária de uma loja de moda feminina na cidade, comentou com a reportagem que a loja vendeu “bastante camisetas da Barbie e ainda continua vendendo. Saiu bastante cropped também da Barbie”, explica.
Para atrair mais clientes, Natália ainda decorou o espaço da loja com balões rosa, criou uma caixa inspirada na Barbie e oferece brindes temáticos e colantes personalizados que acompanham as embalagens dos produtos. “Agora como muitas pessoas já foram assistir, a procura está menor, mesmo assim tem pessoas procurando, hoje mesmo vendemos blusinhas relacionado ao filme”, esclarece.
Em uma loja de brinquedos da Vila Regina, a vendedora Francielly comentou com a reportagem que o número de interessados por bonecas da Barbie aumentou, inclusive por entre o público adultos. Os modelos mais procurados não são os modelos clássicos “ao ponto de a loja ter que pedir mais para o estoque”, declara.
Outra loja da cidade especializada em brinquedos, localizada no Centro, comemora o sucesso das vendas dos produtos da Mattel como bonecas, carros e acessórios, como a casa da Barbie. Barbies com diferentes etnias e corpos, estão sendo bem procuradas. Os vendedores contaram que uma parcela significativa de seus clientes interessados nas bonecas foi o público adulto. Provavelmente por causa da nostalgia e, alguns voltaram a colecionar a boneca.
Sucesso nas Telonas – Os fãs estão lotando as salas de cinema do shopping. O filme vem ganhando muitos elogios de públicos de várias faixas etárias. “O filme aborda críticas sociais tratadas como tabus como o corpo feminino e tudo que é tratado como ‘imperfeito’ nele, é fato de a própria Barbie ‘estereotipada’ aceitar se tornar humana e conviver com tudo o que é visto e julgado pela sociedade como frágil, errado e imperfeito. Isso a torna mais empoderada e é um exemplo para as garotas”, comenta Joane Pontes Noronha, 16 anos.
Emília Meira e Vieira, 15 anos, sempre gostou de brincar com a boneca da Mattel. E ficou curiosa para ver a adaptação do brinquedo ao live-action. E gostou. “A Barbie marcou não só a minha infância, mas a de gerações. Gostava por ser uma boneca adulta, diferente das bonecas de colo, porque a minha criatividade ia muito mais além, explorando as diferentes profissões apresentadas pela boneca. A boneca atual pode ser importante para sair de um determinado padrão estético e de mundo fantasioso, trazendo mais para a realidade”, analisa.
A expectativa de Anna Julia Inacio Furtado, 18 anos, era enorme desde que foi anunciado o longa. Quando pode conferir o elenco e a equipe escalada percebeu que o filme prometia boas surpresas. “Houve pequenas referências aos desenhos, mas a maior base do roteiro não foi o universo e histórias criadas durante esses filmes, mas sim a cultura voltada as bonecas e o mercado de brinquedos trazendo um tom ficcional para a história dos diversos lançamentos de bonecas, assim como para a empresa que produz, carregando uma sátira explícita”, comenta.
Ela elogia as atuações dos protagonistas Margot Robbie e Ryan Gosling, além do ator Michael Cera como Allan. Cinéfila, Anna recomenda o filme em cartaz não somente para os fãs da boneca, como para apaixonados pela sétima arte.
“Barbie” que arrecadou R$ 22,7 milhões nas bilheterias brasileiras em sua estreia, continua em cartaz nas salas de exibição no shopping. No cinema da cidade, do dia 20 até quarta-feira, 26, 5.768 itapetininganos assistiram ao filme. Nesse final de semana, nove salas exibem a versão dublada, mas quem quer quiser conferir a versão legendada pode conferir na sessão das 15:40, segundo o site do cinema.
Um Ícone Cultuado e Criticado
Os primeiros registros de bonecas como brinquedo surgiram a 5 mil anos atrás, na civilização babilônica e no Egito Antigo. No século 15, as bonecas começaram a ser comercializadas, possibilitando inovações ao produto. No século passado, a evolução da tecnologia possibilitou uma maior diversidade de produtos, em tamanhos e fisionomias variadas. Entre os maiores destaques dessa indústria, está a boneca Barbie.
A famosa boneca surgiu durante uma viagem do casal Elliort e Ruth Handler, fundadores da fábrica de brinquedos Mattel, a Suíça. A filha do casal, Barbara (que daria o nome a boneca) viu uma boneca com um corpo de mulher, chamada Bild Lilli. Com seu apurado senso de negócio, Ruth comprou duas bonecas, uma para sua filha e outra para engenheiros da Mattel.
Lançada em 1959 nos Estados Unidos, o negócio transformou-se com o tempo em algo bilionário. A primeira Barbie usava um maiô listrado de preto e branco disponível em duas versões. Estima-se que naquele ano 350 mil bonecas foram comercializadas. Hoje é a boneca mais vendida no mundo.
Barbie sofreu várias transformações no decorrer das últimas seis décadas, ganhando centenas de versões, profissões, vestimentas e acessórios. E muitas críticas, principalmente ao seu comportamento consumista e ênfase na beleza, além de suas medidas corporais consideradas irreais. Em 1999, o produto foi redesenhado e a boneca passou a ter uma cintura mais larga.
O filme
No início do filme, o público acompanha a rotina do universo mágico das Barbies e dos Kens, a Barbielândia. Nesse lugar, todas as versões da boneca/marca vivem em completa harmonia e suas únicas preocupações são encontrar as melhores roupas para passear com as amigas e aproveitar as intermináveis festas. Porém, uma das bonecas (interpretada por Margot Robbie) começa a questionar sua existência, que talvez não seja tão perfeita. A Barbie de Robbie sofre uma crise existencial. Então, ela sai da Barbielândia e se confronta com a realidade, passando a discuti-la. Nessa sua jornada de amadurecimento, ao lado de Ken (vivido por Ryan Gosling), Barbie luta contra as dificuldades de se ajustar a um mundo nada colorido.
Nesse cenário surreal, um dos grandes acertos do filme é o deboche. O hábil roteiro de Greta Gerwig (também diretora do longa) e de Noah Baumbach consegue “fluir rapidamente entre o deboche, piada e sarcasmo. Está tudo no campo do humor, porque é aí que o filme fica o tempo inteiro. É no sarcasmo que estão todas as questões mais sérias e mais interessantes também”, analisa o crítico PH Santos. Através do deboche o filme critica o sexismo, o consumismo, os padrões de beleza e a própria Mattel. Através do humor, se estabelece uma reflexão crítica sobre os hábitos de consumo, entre outras a problematizações.
“Barbie” vem ganhando elogios não somente dos fãs, mas dos críticos. Além do roteiro divertido e cativante, a entrega dos protagonistas contribui para o sucesso do longa.