Seus pés ainda eram pequenos quando vestiu a primeira sapatilha de ballet. Aos 8 anos, no Ballet Vanessa Oliveira, em Itapetininga, Natália Queiroz de Medeiros, de forma despretensiosa, teve contato com a dança que, aos 14/15 anos seria seu sonho de profissão.
O número da sapatilha mudou, mas o coração da menina de sorriso leve tocou as melhores valsas para compor sua trajetória na arte do ballet. Natália é uma bailarina, de apenas 28 anos e que não deixou os sonhos escaparem. Muito pelo contrário, entre giros e piruetas deu saltos incríveis rumo ao sucesso. A Itapetiningana ganhou asas ao ser encorajada por aquelas sapatilhas que tanto lhe acompanharam nos ensaios mais inocentes do mundo lúdico. Em busca do aprimoramento dessa arte, estudou na escola Petite Danse, no Rio de Janeiro e, em São Paulo, concluiu a formação na Especial Academia de Ballet, sob a direção de Guivalde de Almeida e Ana Maria Campos. Com sua doçura e persistência conquistou o público ao dançar no palco do Festival de Dança de Joinville e, inclusive, trabalhou na São Paulo Cia de Dança.
Em 2024 inaugurou sua escola de Ballet: CFA – Centro de Formação Artística, onde tem o propósito de transformar vidas através da dança. Os pés doloridos nunca foram empecilhos para Natália e as conquistas apenas e encorajaram a seguir com novos planos. “O meu plano é seguir trabalhando para poder encaminhar outros talentos para a profissionalização no ballet, sempre direcionando e mostrando o melhor para os meus alunos. No futuro sonho em ter um projeto social para ajudar alunos que não tem condições a seguir na carreira da dança, porque tudo no meio do ballet é muito caro e eu queria muito poder dar essa oportunidade para todos”.
Em 2023, inclusive, iniciou o treinamento do jovem Matias Calebe, o qual foi aprovado na escola de Bolshoi: “Eu conheci o Matias na escola onde eu trabalhava e desde o começo eu vi que era um menino muito talentoso, mas somente no ano passado que ele realmente começou a fazer aulas comigo e a partir daí iniciamos um intensivo para ele poder chegar no nível dos meninos da idade dele. No ano passado participamos da seletiva do YAGP (Youth America Grand Prix) no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e no começo desse ano Matias foi aprovado no Summer Intensive do Joffrey Ballet School em Nova York com 75% de bolsa. Ele também foi aprovado para seleção final da mostra competitiva do Festival de Dança de Joinville, onde apenas 17 bailarinos do Brasil todo foram selecionados. Matias também foi aprovado para estudar na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e agora estamos em busca de patrocínio para ele poder se manter em Joinville pelos próximos 5 anos e meio, que é o tempo para ele se formar na Escola Bolshoi”.
Enquanto algumas pessoas se profissionalizam para o mundo afora, Natalia se profissionalizou no mundo e hoje é referência na cidade, ensinando crianças, jovens e adultos a partir de tudo o que aprendeu. Faz de Itapetininga seu lar e tem o intuito de levar sua arte para outros Itapetininganos que precisam ser resgatados pela arte.
Natália acredita que nossa cidade, no tocante ao ballet, já detém maior conhecimento acerca da profissionalização dessa arte tão bela. Contudo, inexiste local (teatro com estrutura para dança) e a ausência de amparo faz com que os que sonham com o ballet saiam da cidade.
Assim como a estimada bailarina, outros talentos são constantemente vistos pelas ruas, mas a falta de oportunidade faz com que sonhos sejam apagados e se transformem em um hobbie passageiro. Não há dúvida que a dança muda a vida das pessoas, assim como aconteceu com Natália, que, mesmo tão nova, já muda a vida de tantas pessoas na cidade: “Itapetininga é uma cidade que possui muitos talentos e seria incrível ter esse reconhecimento e apoio por parte de todos. A dança pode mudar a vida das pessoas e eu desejo que no futuro todos possam entender melhor dessa arte”.