A cena musical de Itapetininga ganhou um novo destaque nos últimos anos com a formação da Banda Meia Boca. Formada por três músicos com estilo irreverente, o trio tem conquistado o público com composições autorais.
O grupo é composto pelo professor de pedagogia e o principal compositor, Ivan Fortunato, que comanda a guitarra e assume a vocal “meia boca”, como ele próprio descreve, pelo advogado e baixista Israel Leitão, que começou a tocar junto com a formação da banda em 2021 e pelo baterista de 24 anos, Nathan Chagas, que se juntou ao trio em julho de 2023.
A história da Banda Meia Boca, no entanto, começou antes, em meio à pandemia, quando Ivan participou do projeto cultural Cazulo. Inspirado pelo ambiente criativo, ele escreveu um jingle que foi o pontapé inicial para as composições que dariam vida ao grupo. “O jingle abriu uma porta para inspiração até então pouco explorada e, nas semanas seguintes, várias canções sobre a rotina do Cazulo estavam prontas. Em meados de 2021, orientava o projeto de iniciação científica do estudante de licenciatura em física Iury Nakaoshi, de Santos. Iury possui formação e experiência em música e de participação em bandas e logo o convoquei a ajudar no refinamento das composições. Com isso, ele convidou seu amigo Ricksson Ferreira, egresso do mesmo curso de graduação e do projeto Guri de educação musical, que tinha vontade de voltar a tocar bateria. Então foi assim, de maneira muito improvisada, com instrumentos e aparelhagem emprestada, que nos juntamos para tocar, exclusivamente, músicas autorais”.
Poucos ensaios depois, Iury decidiu retornar para Santos, criando uma lacuna na banda, que logo foi preenchida por Israel. Na época, segundo os músicos, Israel tinha acabado de começar a aprender a tocar seus instrumentos, encontrando na banda em formação lugar para colocar em prática os conhecimentos recém adquiridos.
A banda fez sua primeira apresentação ao vivo em dezembro de 2021, na ocasião da celebração do segundo aniversário do Cazulo, tocando 10 composições sobre a casa.
E o nome Meia Boca, também surgiu no mais puro improviso. “Como a banda surgiu meio que no improviso, com quase nenhum conhecimento técnico ou teórico em música, sem equipamentos adequados e, principalmente, com péssima qualidade no vocal. No final dos ensaios, quando avaliávamos o desempenho, sempre dizíamos que tinha ficado meia boca. A qualidade vocal, principalmente, era péssima, mas a diversão compensava. Então decidimos que o som ruim se tornaria parte da nossa marca”.
O estilo da banda é difícil de categorizar, mas o punk rock é uma grande inspiração, especialmente pela sua simplicidade e energia. As letras, muitas vezes humorísticas e cheias de trocadilhos, nascem de situações cotidianas. “A gente gosta de tirar sarro da vida real”, explicam. Um exemplo claro desse humor é a música “Paulo Freire”, que brinca com a separação de sílabas do nome do educador em um refrão que provoca reações variadas no público.
Apesar do tom irreverente, a Banda Meia Boca tem enfrentado desafios comuns às bandas independentes, como a dificuldade de encontrar espaços para tocar e a falta de recursos para gravações profissionais. “Itapetininga é uma cidade que ainda valoriza muito o sertanejo e o cover, então as bandas autorais, especialmente de rock, precisam lutar pelo seu espaço”, comenta o trio. No entanto, eles não se deixam abater. “Temos lugares que apostam no autoral, como o Aluga-se e o Gab’s House Bar, e isso tem dado uma força para a gente”, completam.
Os próximos passos da banda incluem a gravação do primeiro álbum em estúdio, que contará com 10 faixas autorais. Para isso, eles iniciaram uma campanha de patrocínio, buscando apoio de empresas locais que queiram investir na cultura da cidade. “Nosso sonho é ver nossas músicas nas plataformas de streaming e levar o som da Meia Boca para um público ainda maior”, conclui Ivan.
Com uma agenda de shows para o final de 2024, incluindo festivais locais e apresentações em bares, a Banda Meia Boca segue em frente com sua mistura única de rock, humor e crítica social. Para os integrantes, o mais importante é continuar se divertindo e compartilhando essa alegria com o público, independentemente de estarem em grandes palcos ou em espaços alternativos.