A “Maruneri”, projeto de artes plásticas criado pelo publicitário e artista plástico itapetiningano, Bebeto Neri, está conquistando um espaço significativo no mercado internacional. Com menos de um ano de existência, o projeto já conseguiu vender obras para países como Japão, França, Espanha, Inglaterra e, mais recentemente, Alemanha. Combinando pedras naturais brasileiras e elementos típicos da cultura nacional, o artista e sua mãe criam peças exclusivas que chamam a atenção do público europeu.
Com uma trajetória em estudos em países como a França, o artista explica que o projeto é fruto de uma longa trajetória pessoal nas artes visuais. “A Maruneri foi um projeto que eu criei há pouco tempo. Ele não tem nem um ano ainda, mas é o resultado da soma de tudo que já vivi como artista”.
O diferencial do projeto está na junção das pedras brasileiras, como elemento central, com técnicas de pintura e montagem. “É meio a meio: 50% de arte e 50% de riqueza natural brasileira”, comenta. Segundo ele, essa combinação de artes plásticas e materiais naturais acaba sendo muito atraente para o público europeu, que em suas palavras, “valoriza e investe em arte”.
“Eles investem, eles compram, eles participam realmente. Tanto de teatro como de concertos e artes plásticas também. Então, juntando isso à beleza natural das pedras brasileiras e do material rico que a gente tem aqui, é uma receita de sucesso”.
Um exemplo é uma obra inspirada nas praias brasileiras, feita com areia natural, massa acrílica, resina epóxi e pérolas autênticas do Brasil. “Essa peça, enviada para Berlim, tem um forte apelo tropical, algo exótico para o público alemão, cujas principais cidades se situam no centro do país, longe de praias”, diz Neri. Para o artista, essa obra representa o clima e a cultura brasileira, o que facilita a aceitação fora do país.
O processo criativo também envolve uma parceria familiar. A mãe do artista, Mariza Neri, especialista em materiais, auxilia na escolha dos componentes e é consultada em todas as etapas de criação. Ele destaca que sempre busca materiais variados, que possam agregar à obra e expressar melhor o sentimento que deseja transmitir. A partir do diálogo com o cliente e da análise do ambiente onde a peça será exibida, ele monta uma proposta visual que considera o impacto desejado e o sentimento a ser passado, integrando o gosto do cliente ao seu estilo artístico.
O autor das obras também comenta que a profissão de publicitário também o ajuda no momento da criação. “Visualmente, eu consigo convencê-lo a fazer uma ideia que provavelmente fique mais bonita do que ele estava imaginando. Às vezes, ele vem com uma imagem, com alguma coisa na cabeça e a gente tenta colocar artisticamente uma característica que impacte mais para quem está visualizando, para o público receptor da imagem. Então, em 100% dos casos, a gente chega num consenso muito rápido, e a partir daí, ele compra a ideia também, e eu vou desenvolvendo e apresentando para ele até o resultado final”.
Apesar do sucesso recente no exterior, o artista ainda enfrenta desafios, especialmente nas questões alfandegárias e de comércio exterior, para que as obras possam circular legalmente. No entanto, o artista se mostra otimista quanto ao futuro e planeja expandir para novos mercados, como Dubai. “Estamos com projetos para enviar peças com pedras naturais brasileiras para Dubai. Embora eles tenham riqueza de metais preciosos, as pedras brasileiras em artes plásticas são uma novidade para eles”. Entre as ideias, estão representações de animais típicos brasileiros, como uma onça e uma arara, utilizando pedras preciosas.
Com 45 anos, o artista conta que iniciou nas artes ainda criança e que seu estilo é marcado pela flexibilidade e pela versatilidade. Embora isso possa dificultar o reconhecimento por uma característica única, ele afirma que prefere essa liberdade para explorar novos materiais e técnicas, mantendo-se em constante reinvenção.
No Brasil, contudo, a notoriedade do projeto ainda é limitada. Bebeto ressalta a importância da divulgação no mercado nacional e agradece o apoio da mídia para dar visibilidade ao seu trabalho. “É difícil crescer sem alguém que fale sobre nosso trabalho. A mídia é essencial para divulgar o nosso projeto e atrair o público brasileiro”.
Para ele, a diversidade de estilos e a valorização dos elementos naturais brasileiros serão a chave para conquistar novos espaços e expandir ainda mais a visibilidade de seu trabalho e do projeto Maruneri, reforçando a força da arte brasileira no cenário internacional.
Já em Itapetininga, o artista que já é conhecido por suas obras, também trabalha como professor de artes, em um ateliê próprio, junto com sua mãe, onde ambos ministram aulas até para alunos de baixa renda, e buscam aplicar sua experiência em um programa de aprendizado prático, que, segundo ele, foi essencial em sua própria formação.
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