Itapetininga irá ganhar destaque no cenário cinematográfico com o lançamento de um curta-metragem que revive suas principais lendas urbanas. O filme, intitulado “O Resgate da Lenda”, traz à tona histórias há muito esquecidas pela população local, preservando a identidade cultural e o folclore da cidade.
O cineasta itapetiningano Alexandre Canda, formado em Rádio e TV pela Unesp, lidera o projeto. A ideia surgiu durante uma viagem ao Pará, onde Canda se inspirou na forte presença do folclore na cultura local. Ao retornar a Itapetininga, reuniu-se com colegas produtores para transformar as lendas da cidade em um curta-metragem de ficção, com produção financiada pela Lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura.
“Quando retornei, me reuni com Daniel Ribeiro, Geise Moraes e Edwin Taves, que haviam produzido um importante documentário sobre a história da ferrovia na nossa cidade. Conversamos sobre a vontade de trazer à tona as lendas de nossa terra. Mas, dessa vez, queríamos um desafio de produzir nosso primeiro curta de ficção”, contou o cineasta.
Segundo ele, o filme foi cuidadosamente planejado e executado. “A produção começou em janeiro de 2024, com a pesquisa e o desenvolvimento do roteiro. Havia muito pouco documentado sobre o folclore itapetiningano, salvo a obra de Maria Nunes da Costa Menk e Luciane Camargo intitulada “Lendas de Itapetininga e Região”. “Com o livro em mãos, me juntei ao roteirista premiado de nossa região e antigo parceiro de projetos André Pacano, para selecionar quais lendas entrariam no filme e qual narrativa iria interligar tudo.”
Ao longo dos meses seguintes, conforme o cineasta, foram selecionados os atores, muitos deles talentos locais e escolhidas as locações que representariam a essência da cidade. Em julho, o curta foi filmado.
O curta conta com nomes de peso na cena artística de Itapetininga, a começar pelo ator João Simões. “Nossa estrela itapetiningana, que já atua há muito tempo no teatro e mais recentemente, com obras de cinema e séries em seu portfólio, João foi protagonista da série “Chuva Negra”, exibida pela Globoplay, ao lado de Júlia Lemmertz e Denise Del Vecchio. Ele e sua família aceitaram participar ainda na elaboração do projeto, para nós foi uma honra ter um dos nossos maiores destaques de atuação no filme”, acrescentou.
Além disso, outros atores como Fa Black, Isolete Rosa, Mila Rusti, Bob Vieira e Fábio Jurera completaram o elenco, todos com longo histórico cultural e artístico importante na cidade, mas muitos com o desafio de atuarem para as câmeras pela primeira vez. As crianças Clara Lima e Kauan Juliano fizeram um trabalho único. “Aos 13 anos, Kauan, assumiu o desafio de ser o protagonista Tonico, depois de um processo seletivo com mais de 40 atores, foi nele que enxergamos o nosso herói, a escolha não poderia ser melhor”, comenta Canda.
As filmagens aconteceram nos principais pontos da cidade, como o coreto da Praça da Matriz e o antigo galpão da Fepasa. “Nas conversas com Daniel, Edwin, Geise e Du Jacob, já no processo de pré-produção e escolha dos locais de filmagem, a premissa foi mostrar nossa cidade como cenário principal. A Praça da Matriz aparece como ponto importante do filme, inclusive na narrativa, afinal, segundo uma das lendas, habita debaixo do coreto da matriz, uma cobra”, relembrou.
A história começa em um orfanato. “Logo, em nossa cidade, tínhamos a Casa da Criança desativada do Lar São Vicente de Paula. Construção antiga que, hoje, abriga um brechó beneficente se transformou em um set de filmagem por alguns dias. O antigo galpão da Fepasa, onde funcionava a oficina de trens, também foi um importante cenário. Com apoio da Secretaria de Cultura, conseguimos utilizar o espaço, que será transformado no filme por meio de efeitos especiais”, explicou em detalhes.
A estreia do filme está programada para coincidir com o aniversário de Itapetininga, em 5 de novembro, prometendo ser um evento marcante para a população. Além disso, o curta já está previsto para participar de festivais de cinema em 2025, levando as lendas de Itapetininga para além das fronteiras do município. Segundo Canda, o filme é um exemplo de como é possível fazer cinema de qualidade no interior do Brasil, valorizando talentos locais e a colaboração comunitária.