Após a repercussão da reportagem especial sobre o Fanzine ‘Epidemia’ o empresário Luiz Saravah contou sobre sua experiência na produção de Fanzines e também relembrou outros ‘zines’ que marcaram época em Itapetininga.
Luiz Saravah
“O “Epidemia” foi o primeiro “zine” que eu conheci na cidade, que teve maior duração e acredito, que foi o primeiro. Este “zine” era comandado pelo Batata. Na minha opinião era o mais legal. O “zine” fazia entrevistas sobre a cultura e com pessoal os artistas. Vários artistas da cultura regional foram entrevistados, como o Morenão e o Zé das Neves. Também não faltava espaço para o rock. O Batata era roqueiro, que gostava das bandas clássicas como o Deep Purple e o Kiss, mas ele abria espaço para todos os tipos de manifestações culturais, lembro até hoje de dois especiais: do Edson do Cólera, com a colaboração do Arimateia, em 1995, e outra baita entrevista com o GOC, em 1997.
Em 1995, fiz o “Não Racismo”. O fanzine teve apenas três números. Os outros dois números foram publicados em 1996. Na época eu estava muito estava envolvido com o pessoal do rap. As ideias fervilhavam. Não me lembro com exatidão as datas, se eu já havia feito um show de rap e publiquei o “zine”, ou ao contrário, de qualquer forma eu estava bastante integrado com o pessoal do rap itapetiningano e, também do pagode. Eu pesquisava muito, foi nesta época que saiu uma matéria na Folha de São Paulo sobre o racismo cordial e uma pesquisa se o leitor se encaixava naqueles parâmetros. Eu estava muito afim de compartilhar aquela matéria para mais pessoas lerem. Foi aí que eu resolvi fazer o “zine”. O primeiro número reproduz a matéria inteira e também a pesquisa. Como eu sempre digitava os textos do “Epidemia” e do Arimateia (“Legalize Já!”), e eles foram superparceiros comigo na produção do meu “zine”, na verdade eles me inspiraram.
Sem dúvida, outros fanzines foram muito importantes para nossa geração. Tinha “OBSzine”, um “zine” editado pela Taninha e a Priscila Rodrigues do Nascimento. Outro “zine” era o “Conceito Moral”, editado pelo grupo “Os Meninos do Rap”, entre eles, Jonhy Venenoso, Gilmar e Charlinho.
O legal é que todo mundo que fazia fanzine se correspondiam por cartas com outros fanzineiros. Eu mandava vários e também recebia outro tanto. Até hoje, em casa eu guardo o “zine” do Movimento Negro Unificado, muito legal. O editor mandava para mim os materiais. Todo mundo que fazia fanzines se correspondia através de cartas e as publicações se espalhavam para o Brasil.