Milon Cardoso
Especial para o Correio de Itapetininga
Inspirado na história do bispo São Nicolau de Mira, a figura do Papai Noel tornou-se o símbolo do Natal que presenteia as crianças ao redor do mundo, da mesma maneira que o santo ajudava, anônima e financeiramente, os necessitados. Em Itapetininga, o “Bom Velhinho” exerce um fascínio na professora Rosana Iglésias de Lima. Hoje, ela é uma das maiores colecionadoras do Estado, estimando ter em sua coleção mais de setecentos papais noéis de diversos materiais.
Rosana cuida com carinho de sua coleção e todo mês de dezembro a expõe em sua residência sempre com novos itens. Em 2020, devido a problemas de saúde em família, parou com a tradição, retornando agora a espalhar o acervo em diversos espaços de sua casa, inclusive no lavabo, com um Papai Noel no vaso sanitário.
Ela conta que, desde criança, juntamente aos seus irmãos, adorava enfeitar a residência na época natalina. “Passávamos o dia inteiro montando a árvore de Natal. Eu gostava de fazer enfeites”, conta. Certa vez sua mãe lhe contou que tinha uma amiga no Paraná que enfeitava a casa com papais noéis. Rosana gostou da ideia e começou a comprá-los, sempre incentivada pelos pais Hélio e Therezinha.
“Ela deu início ao seu sonho, sua casa toda iluminada e em cada espaço um detalhe natalino. Ela não esqueceu o Presépio, a Árvore e a Guirlanda, tudo muito harmonioso e perfeito. As constantes visitas da família, dos amigos e dos vizinhos tornaram-se para Rosana um desejo incontido de surpreendê-los com novos protótipos de Papai Noel, que hoje somam mais de setecentos”, conta a pedagoga Claudia Regina Martinez Fernandes.
Todos os anos Rosana não resiste em levar novidades para casa. Ela conta que houve um período em que ia todos os anos comprar papais noéis na rua 25 de março, em São Paulo. “Quase enlouquecia com tantas opções”, diz. Porém, atualmente, em virtude da praticidade, opta pelas compras on-line.
Exceto quando viaja. Em todas as suas viagens sempre procura nas lojas novidades para a sua coleção. “Às vezes ouço que não há necessidade, pois minha coleção é gigantesca, mas sempre explico que, para um colecionador, a sua coleção nunca está completa”, diz.
Histórias sobre compras de item para a sua coleção não faltam para Rosana. Certa vez viu um Papai Noel trapezista no programa do Gugu Liberato. Ficou encantada e fotografou o endereço da loja que estava sendo exibido na TV. “Ligue para a loja no dia seguinte. Eles fizeram a gentileza de me enviar pelos Correios”, conta.
A riqueza de detalhes e as variedades de sua coleção chamam a atenção dos amigos que a visitam, servindo de inspiração para outras pessoas, como sua prima Adriana da Motta Pires Libois, que começou também uma coleção de papais noéis.
Sua coleção já foi exibida em canais de TV e no programa da Nêta Bueno, surpreendendo todos pela beleza e pela sutileza dos itens. “Um dia um garoto deixou na frente da minha casa uma carta – que guardo até hoje –, perguntando se podia conhecer minha coleção. No dia 25 de dezembro, uma senhora tocou a campainha, pedindo para que seu afilhado pudesse ver minha coleção de papais noéis. Ao recebê-los, conversei com o garoto chamado Richard, que me contou que ele havia deixado a carta. Ele ficou encantado. A partir daquele momento, passei a ganhar de presente dele, todos os anos, um Papai Noel. Este ano foi um mexicano que ele, Richard, produz, porque, além de colecionar, ele também faz para vender”, comenta.
É impossível para qualquer colecionador escolher um item de sua preferência. Entre papais noéis tradicionais, skatista, jipeiro, na banheira, Rosana explica que vários deles possuem recordações afetivas marcantes em sua vida, como é o caso do Papai Noel aviador que ganhou de sua madrinha Nelly Fontes. O enfeite é sempre pendurado nessa época do ano em sua casa.
“Por exemplo, tenho um Papai Noel que assobia. Quando a minha prima Márcia Ozi ouviu esse assobio, lembrou-se de seu pai Ivo Fontes. Esse meu tio tinha um amigo, o Zito Guarnieri. Quando ambos iam sair, meu tio passava na casa do Zito e, ao chegar, assoviava essa música. Segundo minha prima, era igualzinho”, conta.
Outro Papai Noel que ela sempre mostra aos convidados é um que toca violino. “Quando comprei, a minha tia Maria Helena propôs que fizéssemos uma ‘serenata’ na janela da minha tia Nelly. Ao ouvir a música ‘Noite Feliz’, seus olhos ficaram marejados. Ela lembrou-se do meu avô, Abílio Fontes, que tocava violino”, recorda.
Ela não sabe explicar a ligação afetiva com seu avô que faleceu quando ela tinha apenas dois anos de idade. “Não podia ver a foto do meu avô que chorava. Quando dormia no quarto de hóspede da casa de minha avó Elvira, sempre ficava olhando para o violino dele. Era algo mágico”, lembra. Rosana conta que Abílio Fontes compunha músicas para os netos. A partitura de sua música, chamada “Rosana”, ela guarda até hoje. Talvez por isso o Papai Noel violinista desencadeie na colecionadora essa lembrança.
Além do Papai Noel violinista, há, na sua coleção, o “Bom Velhinho” tocando diversos tipos de instrumentos, pois, assim como a sua coleção, a música faz parte de sua vida em todos os momentos, em casa ou dirigindo.
Rosana faz aniversário no mesmo dia do nascimento do menino Jesus, data que comemora com muita alegria e magia cercada de amigos e de sua coleção de papais noéis. Em 2025, planeja duas coisas: como de praxe, adquirir novos itens para a sua coleção e catalogar todos os seus itens.
CURIOSIDADE SOBRE A FIGURA LENDÁRIA NATALINA
Origem – O Papai Noel teve origem no bispo católico São Nicolau, que viveu em Mira (atual região da Turquia). Filho de pais ricos, ficou órfão muito jovem. Partilhou sua herança com os necessitados.
Século 19 – A associação entre São Nicolau e o Natal aconteceu na Alemanha. O bondoso velhinho ganhou trajes de inverno, renas, um trenó de neve e uma nova casa: o Polo Norte.
1881 – A imagem do “Bom Velhinho” gordinho, de barba branca e traje de inverno vermelho surge na revista estadunidense “Harper’s Weekly” pelas mãos do cartunista Thomas Nast.
1931 – Num comercial de Coca-Cola, o desenhista Haddon Sundblom acrescentou-lhe um saco de presentes e um gorro.
Anos 1980 – Para estimular o potencial turístico, o governo da Finlândia decretou a capital da Lapônia, Rovaniemi, como a “Vila do Papai Noel”.
No Brasil – O nome Papai Noel é assim devido à influência da língua francesa. Na França, Noël significa Natal. Literalmente Papai Noel significa Papai Natal.
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