Por: Milton Cardoso
Havia um enorme abismo cultural entre os imigrantes europeus e japoneses, mas a educação dos filhos era um ponto comum entre eles. Uma das prioridades era a preservação da língua materna. Para isto, os japoneses utilizavam como recurso a aquisição de livros e revistas, principalmente de natureza didática, as “shogakku” que abrangiam o público de 6 a 12 anos.
Segundo especialistas, os mangás (quadrinhos japoneses) tiveram papel fundamental na preservação da língua junto as crianças devido ao visual das capas e o enredo das histórias que as agradavam em cheio. E de forma lúdica, ajudavam na compreensão da língua e dos costumes da terra do sol nascente.
O início – As origens dos quadrinhos japoneses remontam aos distantes séculos XI e XII, através dos “Ê-Makimono”, que eram desenhos pintados sobre um enorme rolo e contavam um história cujo os temas iam aparecendo gradativamente a medida que ia sendo desenrolado.
O termo mangá surgiu em 1814, nos “hokusai mangá”, revistas que traziam caricaturas e ilustrações sobre a cultura japonesa. No final do século XIX, fortemente influenciado pela produção estadunidense, o trabalho do ilustrador Rakuten Kitazawa destaca-se, sendo considerado por especialistas, como o fundador do mangá moderno e seu talento reconhecido internacionalmente. Em 1929, realizou uma exposição em Paris e foi condecorado com a Legion d´honneur.
Em 1947, Osamu Tezuka em parceria com Shin Takarajima, define as características básicas do mangá moderno: expressões faciais exageradas, utilização de linguagem metalinguística e efeitos cinematográficos.
O estilo de Tezuka influenciou diversos artistas ao redor do mundo, inclusive o maior nome da 9ª arte nacional: Maurício de Sousa. Ambos se conheceram em 1985 através de um convite da Fundação Japão. Maurício já fez inúmeras homenagens ao ilustrador japonês e seus personagens (Kimba, Astro Boy, Princesa Safira), inclusive na versão adolescente da Turma da Mônica que possui traços que remetem ao mangá.
O público nipônico é o que mais consome quadrinhos no mundo, com publicações para todos os gêneros e idades. Estima-se que os mangás representam 40% do que é impresso atualmente no Japão. Geralmente publicados em P&B e em papel jornal, seu sucesso gera uma gordurosa fatia de lucro através da criação de brinquedos, confecções, games, animes, entre outros, que vem conquistando uma nova legião de fãs pelo mundo inteiro.