Com a revitalização do Horto Religioso, a Via Sacra teve de ser reconstruída, os painéis produzidos em mosaico que retratam o trajeto percorrido por Jesus carregando a cruz desde Pretório até ao Calvário onde faleceu, estão em fase final e exibem qualidade técnica e beleza exuberante que chamam atenção até de longe com suas cores vivas e brilhantes.
O Ateliê-escola de Mosaico do Projeto Âncora, de Cotia (SP), que foi escolhido para fazer a confecção dos mosaicos, produz artes em mosaicos há 25 anos. A arquiteta Regina Steurer, proprietária do Ateliê, conta que cada painel confeccionado para a Via Sacra do Horto tem cerca de duas mil peças (tesselas), sendo que cada peça leva cerca de 3 minutos para ser confeccionada.
Todo o trabalho de confecção dos 15 painéis produzidos especialmente para o Horto, começou em setembro do ano passado. Primeiro os desenhos são feitos por um artista, depois cada peça é confeccionada, em seguida são montados os “pedaços” dos painéis (cerca de 6, 7 pedaços cada painel) para então serem “colados” na tela de construção civil.
Anderson Augusto, artista responsável pelos desenhos conta que selecionou cores com pontos de luz em laranja, amarelo limão e dourado porque a ideia é passar uma mensagem de esperança mesmo na dor do martírio de Jesus, no sacrifício e na tortura que ele sofreu. “Já na Via Sacra a gente encontra sinais da Ressureição que é aquela luz que perpassa por todas as estações”.
Os materiais dos painéis são constituídos por pastilha de vidro, cerâmica e azulejo e cada painel pesa cerca de 20 quilos. Algumas cores dos mosaicos não são encontradas no mercado, sendo necessária encomenda em uma fábrica em São Paulo.
O Ateliê já fez trabalhos reconhecidos nacionalmente, como o mosaico do “Santuário do Pai das Misericórdias”, localizado na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP), que reproduz a parábola do filho pródigo e tem 27 metros de altura e 730 metros quadrados, sendo esse o maior trabalho já feito pelo Ateliê.
Além disso, o Projeto Âncora que “transforma caos em beleza”, também é sinônimo de inclusão social. Em Cotia, a entidade tem um importante papel na formação da população da região. Oficinas são oferecidas a donas de casa, domésticas, e também à moradores de ruas, que tenham interesse em aprender as técnicas de confecção de mosaicos.
Agora começarão os trabalhos para a confecção dos painéis da Via Lucis ou “Caminho da Luz” no Horto Religioso. Na Via Lucis, percorrem-se 14 estações com Cristo triunfante desde a Ressurreição de Jesus até Pentecostes.
As imagens
O artista Anderson Augusto detalha como foram pensados e produzidos cada desenho para os mosaicos da Via Sacra:
“A composição das imagens foi trabalhada a partir do formato dos totens e então as imagens estão em close, bem aproximadas, onde elas praticamente, na Via Sacra, são rostos e mãos, então é possível ver essas imagens em grandes proporções da face de Jesus e das outras figuras que compõem cada estação e suas expressões. Eu procurei relacionar as imagens e as figuras que compõem a Via Sacra com traços mestiços de Jesus, que sendo judeu, do oriente médio, uma figura mais morena, tratando então os elementos a partir de uma mistura das etnias que fazem parte do povo brasileiro. Então nós vamos ver mulheres, brancos, negros e índios compondo os traços das figuras e também figuras com rostos comuns do nosso povo. Em muitos elementos a gente vê Jesus numa posição que eleva as outras figuras, como no caso de Sirineu, que é um homem negro com toda a dignidade que ele tem, expressa nas suas vestes. Ele que ajuda Jesus, está numa posição elevada, Jesus é aquele que eleva os humildes, como a gente vê muito claro no Magnificat de Maria no Evangelho de Lucas. Além disso, essa Via Sacra tem bastante luz, que de longe a gente pode perceber essa luz acompanhando Jesus, esse espírito de vida, que perpassa toda a Via Sacra”.
Já na Via Lucis, Augusto conta que as imagens vão se tornar mais claras. “Eu darei destaque para as cores de terra também, o ocre, vão ter mais elementos dourados, amarelos, porque tem todo clima desse momento da Ressureição de Jesus. Terão também mais figuras, mais elementos, porque nós vamos priorizar a comunidade, Jesus ressuscitado começa essa “fundação” da comunidade que se reúne, que em torno do medo ela se lança como comunidade missionária. Eu também coloquei elementos dos missionários do Sagrado Coração em algumas estações da Via Lucis, destacando o Sagrado Coração no envio dos Apóstolos, colocando elementos originais na arte sacra que marcam tanto o tempo quanto o grupo que ele marca”.
A arquiteta
Regina Machado Steurer de Cotia (SP), de 64 anos, trabalhava com obras de igreja e sentia falta de arte nas igrejas, foi então que ela aceitou produzir um trabalho de mosaicos (sem nunca ter produzido algo do tipo antes) e foi aprender a fazer mosaicos com um amigo vindo da Itália.
Desde então, há 25 anos, Steurer vem produzindo mosaicos sob encomenda, sendo sua principal clientela as igrejas, ela conta que já produziu trabalhos até mesmo na California (EUA).
Para a arquiteta, confeccionar mosaicos é uma arte de relaxamento, que a desliga do mundo.
Revitalização Horto
Após um processo de revitalização, o Horto Religioso, localizado na Vila Aparecida, em Itapetininga, foi reinaugurado em julho de 2021. O local, que pertence à Congregação dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus, foi fundado há 81 anos. Antes um espaço de festas e instalação de parques de diversões, agora conta com segurança 24h e ficará aberto até às 22h, e só recebe eventos religiosos.
O espaço onde hoje está localizado a loja da rede Havan é alugado e todo valor do aluguel é revertido para a manutenção do espaço religioso.
O Hortol Religioso foi fundado na década de 1940, e serviu como campo de pousada para as tropas de muares, tropeiros e comerciantes de mulas quando passavam pela região.
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