Em tempos de transformação no mercado literário, o Sebo do Cazulo, um coletivo cultural de Itapetininga, tenta manter o desejo pela leitura ainda vivo, agora com um modelo totalmente online. O perfil nasceu em 2023 após a finalização da parceria com um sebo local e prioriza a sustentabilidade e a preservação cultural através das trocas e vendas de livros físicos.
A psicóloga Amanda Tonussi e as artesãs Carolina Cunha e Thais Paiva, são as fundadoras e responsáveis pelo projeto. Segundo elas, a criação do Sebo do Cazulo surgiu quando perceberam a importância do movimento literário para o coletivo. Quando o antigo parceiro precisou fechar temporariamente, as três decidiram montar o próprio sebo para garantir a continuidade do projeto e fortalecer a comunidade literária local.
De acordo com o trio, o maior desafio para o Sebo do Cazulo é a escassez de público interessado em livros usados. O espaço físico, que foi encerrado recentemente, recebia poucas visitas e as vendas hoje ocorrem apenas de forma online.
“O público do sebo é variado, indo de estudantes a leitores apaixonados e colecionadores. Os títulos mais procurados são de autores populares como Agatha Christie e Augusto Cury, além de livros religiosos e materiais voltados à vestibulares”, comenta Carolina.
Antes de fechar o espaço físico, foram realizados eventos de diversos gêneros, incluindo feiras literárias e encontros geek, onde o sebo promovia o acesso a livros voltados ao público. Em 2023, por exemplo, foi realizada a 1ª Feira Literária de Autoras Independentes, um evento que destacou o trabalho de mulheres escritoras itapetininganas. Entretanto, segundo as organizadoras, há certa dificuldade em manter uma comunidade ativa.
Sempre que possível, além das atividades de venda online, o perfil ainda organiza e participa de eventos culturais no município.
Amanda, Carolina e Thais enfatizam a importância do sebo como um facilitador para o acesso à literatura, trazendo os livros para um público mais amplo e incentivando o hábito de leitura na cidade. “Além disso, eventos realizados em torno do sebo ajudam a fomentar a cultura local e servem como espaço para escritores da região divulgarem seus trabalhos”, diz o trio.
Sobre a seleção das obras para a realização das vendas, as fundadoras mantêm critérios rigorosos na escolha dos itens. São aceitos apenas livros em bom estado, excluindo os que possuem páginas faltantes ou em más condições. Elas também evitam aceitar materiais didáticos ou livros governamentais, respeitando restrições de venda. Os valores variam, mas acabam saindo mais em conta para os usados e semi novos.
Em um mercado onde os livros digitais, como e-books, têm ganhado espaço, as fundadoras defendem que o Sebo do Cazulo proporciona uma experiência que vai além do conteúdo digital. Para elas, o prazer de folhear um livro físico, encontrar edições raras ou até autografadas é algo insubstituível. Apesar das mudanças no mercado editorial, elas acreditam que o livro físico continuará a ser valorizado por muitos leitores.
Para o futuro, planejam continuar promovendo a leitura de forma online e em eventos na cidade, com a expectativa de organizar uma nova feira literária no próximo ano.
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