Na próxima segunda, 27, é comemorado o Dia Mundial do Turismo. Esta data foi estabelecida pela Organização Mundial do Turismo, em 1980. O turismo é considerado atualmente como uma das mais importantes atividades econômicas. Com a reabertura gradual dos espaços, a equipe do jornal Correio planejou um roteiro turístico para uma final de semana aproveitando os tesouros culturais que somente a maior cidade do país pode oferecer.
Começamos nosso tour bem cedo pela praça da Sé, marco zero da capital. A Catedral Metropolitana é considerada uma das maiores catedrais neogóticas do mundo. O projeto é do arquiteto alemão Maximilian Emil Hehl. Sua inauguração ocorreu em 1954 nas comemorações do IV Centenário da Cidade. As torres de 92 m de altura só foram finalizadas 15 anos depois
Se a aparência externa da Catedral já impressiona, o nosso convite é o visitante perceba os detalhes acima da porta de entrada de 3 toneladas de jacarandá, são os precursores, à esquerda, os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel e à direita, os evangelistas S. Matheus, S. Marcos, S. Lucas e São João.
Em quase 7 mil², a sede da Arquidiocese da capital comporta em torno de 8 mil fiéis. Repare na beleza dos vitrais, nas estátuas de bronze e nos painéis de alto-relevo. Um detalhe que não pode passar desapercebido pelo visitante: os motivos das decorações dos diversos capitéis, a fauna e agricultura brasileira. Perceba o tatu, o tucano, o café, o milheiro, a videira entre outros, substituindo as gárgulas comuns no estilo gótico.
Entre inúmeros tesouros, encontramos a pia batismal feita de pórfiro egípcio. A delicada Capela do Santíssimo Sacramento importada da Itália. O altar-mor feito de pedras com as cores da bandeira nacional. Em um dos capiteis das colunas da cúpula, encontramos a efígie de D. Duarte Leopoldo e Silva, o primeiro arcebispo de São Paulo.
Embaixo do altar-mor fica a capela subterrânea e a cripta, com proximamente 600 m². Nesse espaço estão 30 câmaras mortuárias que guardam os restos mortais dos bispos, arcebispos e personagens históricas como o cacique Tibiriçá, primeiro cidadão de Piratininga. Na capela da cripta, há duas estátuas em mármore do escultor Francisco Leopoldo e Silva. Uma delas representa Jerônimo e outra Jó. O acesso a cripta só é permitido com monitoramento.
Saindo da Catedral, utilizando o Metrô (linha azul), o turista pode ser deslocar até a Pinacoteca Luz, o museu mais antigo da cidade. São duas estações, descendo na Luz e andando pouco mais de 500 m. estamos em frente ao imponente edifício projetado por Ramos de Azevedo. Sua inauguração ocorreu em 1905, graças à transferência de 26 obras do Museu Paulista para o salão de exposição do Liceu de Artes e Ofícios – hoje o museu conta com 11 mil obras. Porém, a parte externa do prédio foi entregue inacabada, sem revestimentos podiam-se ver os tijolos das paredes, colunas e pilastras.
No final da década de 1990, o edifício passou por uma ampla reforma conduzida pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, possibilitando um espaço marcado por uma nova ordem espacial e funcional, transformando de fato, o museu em um dos preferidos dos paulistanos.
A dica é começar o giro pela exposição permanente do acervo, no 2º andar e constatar que se trata de uma das melhores coleções de arte brasileira existentes. Conheça as salas da Paisagens e Marinhas, Retratos e Autorretratos, os quadros de Almeida Junior, a escola acadêmica do Séc. XIX (como os trabalhos de Pedro Américo), Natureza-morta e Flores, Modernismo (obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral) e Abstracionismo.
Depois do giro cultural, conheça nos outros pavimentos as exposições temporárias. Descanse tomando uma bebida e comidinhas da cafeteria admirando o belo jardim do Parque da Luz, o primeiro parque municipal projetado nos moldes franceses. Antes de ir embora, você pode fazer um passeio pelo Jardim das Esculturas, dentro do parque, onde estão expostas diversas obras ao ar livre.
Depois o convite é caminhar uns 10 minutos até o Museu de Arte Sacra, na avenida Tiradentes, 676. Quem gosta de objetos de caráter religioso, o local é referência nacional na história da arte sacra. Sua instalação data de 1970, a partir de um convênio entre o governo estadual e a Mitra Arquidiocesana. O Museu ocupa a ala esquerda térrea do Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz.
A parte mais antiga do complexo foi construída sob orientação de Frei Galvão para abrigar o recolhimento das irmãs concepcionistas, função esta que também se mantém até hoje. O frei foi canonizado em 2007, tornando-se o primeiro santo do Brasil.
O rico acervo do museu começou a ser formado por Dom Duarte Leopoldo e Silva, a partir de 1907, recebendo muitas doações de imagens sacras de igrejas e pequenas capelas de fazendas que sistematicamente eram demolidas após a proclamação da República.
Uma experiência única do passeio é visitar o presépio. São 1.620 peças confeccionadas em Nápoles, no séc. XVIII, que remontavam uma vila napolitana setecentista. Além da cena do nascimento de Jesus, há representações de diversos profissionais urbanos, pastores, móveis e objetos, numa cenografia de 18 metros. O presépio foi doado por Ciccilo Matarazzo, que o adquiriu na Itália, em 1949. Vale um alerta: a visita só ocorre aos sábados e domingos, das 10h à 12h e 15h às 16h. A visita aos sábados, assim como na Pinacoteca, é gratuita.
O museu encerra suas atividades às 17h, então é possível conhecer outras obras como a Sant’Ana Mestra e Nossa Senhora das Dores (de Aleijadinho), Nossa Senhora da Luz do séc. XVI, trabalhos de Frei Agostinho de Jesus e uma coleção de 200 “paulistinhas”, pequenas esculturas de até 15 cm muito populares em São Paulo no início do séc. XX.
Depois é hora de descansar e aproveitar as delícias gastronômicas que só São Paulo possui. Próximo ao museu fica a estação Tiradentes do Metrô, possibilitando vários destinos para se hospedar.
No domingo, a melhor sugestão é descer na estação São Bento do Metrô (linha azul) e conhecer o histórico Mosteiro de São Bento, o local é um conjunto da Basílica Abacial Nossa Senhora da Assunção, do Colégio e da Faculdade. A basílica foi construída entre 1910 e 1922, seu estilo eclético foi projetado pelo alemão Richard Bernd.
Logo na entrada repare na imponente estátua de São Bento com 3 metros e porta de peroba e carvalho que traz entalhes em baixo relevo. A direita está localizada uma imagem de Nossa Senhora de Kasperovo, de 27 cm por 22 cm. A imagem da Madona com menino Jesus é inteiramente pintada. A cobertura do véu é bordada por 6 mil pérolas do Mar Negro. O trabalho é um presente de um patriarca da Igreja oriental ao abade D. Miguel Kruse, em agradecimento ao Mosteiro ter acolhido cem imigrantes russos após a revolução de 1917.
Repare na ornamentação geral da igreja realizada pelo monge holandês Dom Adelbert Gresnicht. Nas laterais do prédio, os vitrais representam os evangelistas e outros personagens bíblicos. É fascinante, assim como o Grande Órgão Walcker, fabricado na Alemanha, sustentado por colunas talhadas em carvalho. O instrumento possui quase 7 mil tubos, quatro teclados manuais e pedaleira completa.
A melhor dica é chegar bem cedo ao local, para contemplar toda essa beleza artística e assistir a tradicional missa das 10 horas do domingo, quando os acordes do órgão são acompanhados de cantos gregorianos dos monges. Ao final da missa, não deixe de passar na padaria do mosteiro e comprar pães, bolos, doces e geleias feitos pelos monges. Um dos mais procurados é o pão de São Bento, feito com mandioquinha.
Caminhando quase 700 m pelas ruas do centro antigo de São Paulo chegamos ao famoso “Mercadão”, de 1933. O convite para quem é apaixonado por gastronomia. São mais de 200 barracas vendendo produtos variados e frescos. Entre uma compra e outra, é possível admirar os belos vitrais criados por Conrado Sorgenicht Filho. Os vitrais retratam cenas da vida no campo e demoraram quase cinco anos para serem produzidos
O turista pode aproveitar e ir até o mezanino de 2 mil², construído em 2004, e se alimentar nos bares e restaurantes locais. Mas uma dica: para economizar opte pelos restaurantes menores que ficam no andar térreo.
Parte “obrigatória” do passeio é experimentar o famoso Pastel de Bacalhau com 150 gramas de bacalhau do Porto ou se deliciar com o não menos famoso, Sanduiche de Mortadela com 250 gramas do embutido servido em um fresquinho filão.
Com destino ao nosso último trajeto, o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o turista pode retornar até o Metrô São Bento ou pegar um Uber até a mais famosa das avenidas de São Paulo: a Paulista.
O MASP foi fundado em 1947 pelo empresário Assis Chateaubriand e é considerado o primeiro museu moderno no Brasil. A atual sede foi finalizada em 1968, local onde ocorreu a primeira Bienal. O projeto arquitetônico foi desenvolvido por Lina Bo Bardi, um marco na história da arquitetura do séc. XX. A coleção do MASP reúne mais de 11 mil obras.
O visitante pode conferir as exposições temporárias do museu e/ou conhecer as valiosas obras icônicas como o “Rosa e Azul” (Renoir), “A Amazona” (Manet), “Passeio ao Crepúsculo”, (Van Gogh), “Retrato de Suzanne Bloch” (Picasso), “Virgem com o Menino e S. João Batista Criança (Boticelli), “As tentações de Santo Antão” (Bosch), entre tantas outras. O ingresso custa R$ 50 reais. Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam a metade do valor.
Antes de retornar a nossa cidade, o turista pode dar uma pequena caminhada pelo parque Trianon, em frente ao MASP. O local foi projetado pelo arquiteto francês Paul Villon, o mesmo que desenhou o palácio do Catete, no Rio.
São Paulo conta com inúmeras opções de locais voltados ao turismo. Se o leitor quiser conhecer outras possibilidades de entretenimento e cultura, consulte os vários sites (por exemplo, spcity.com.br) e perfis no Instagram dão valiosas dicas, como é o caso do @fizemosumrole. Uma última dica: devido a pandemia sempre é recomendável conferir os horários de funcionamento e restrições. Aproveitem!