Em Itapetininga, a situação financeira dos moradores está longe de ser ideal. Aproximadamente 57 mil pessoas estão com o “nome sujo”. O valor dessas dívidas chegou a R$ 346,7 milhões, o que significa que cada itapetiningano inadimplente deve, em média, R$ 6.060,96. São 239,3 mil compras ou compromissos assumidos, não pagos que hoje se tornaram dívidas. Os dados foram obtidos pelo Jornal Correio junto ao Serasa.
Esse valor representa um aumento de 12% em comparação ao ano passado, quando a dívida média por pessoa era de R$ 5,4 mil, aponta o órgão. A dificuldade para quitar dívidas é agravada pela falta de organização financeira. O economista Márcio Aleixo aponta que muitas pessoas não sabem ao certo quanto gastam ou onde estão gastando.
O cenário tem reflexos negativos do baixo ritmo de aumento de renda, em contraste com diversos produtos que apresentam elevação inflacionária. Apesar do reajuste do salário mínimo, isso ainda não se estende para toda a sociedade. “Vemos a renda sendo corroída e com isso as famílias se endividam e não pagam suas dívidas”, disse o economista.
A cuidadora Larissa é um exemplo desse alto número de inadimplentes. Desempregada durante a gravidez de gêmeos, ela recorreu ao crédito para cobrir despesas básicas e viu sua dívida crescer rapidamente. “Quando percebi, a conta de R$ 2 mil estava em quase R$ 10 mil e meu nome sujo”, relatou.
Atualmente, Larissa trabalha recebendo um salário mínimo e não sabe como quitar o débito acumulado no passado. “Consigo pagar as contas de casa, mas não vejo como pagar esse valor”, desabafou.
Apesar do cenário desafiador, Aleixo explica que existem iniciativas públicas e privadas que buscam ajudar a reverter essa situação. “O Governo federal tem programas como o Desenrola Brasil e a Lei do Superendividamento, além de iniciativas como o Serasa Limpa Nome”, conta. Os interessados têm de buscar essas oportunidades, pois podem ser uma ótima oportunidade de diminuir drasticamente a dívida, ou até mesmo quitá-las, e assim ter finalmente o nome limpo.
No entanto, a recuperação da economia local pode ser lenta e depende de um esforço conjunto da sociedade, mas também individual para controlar as contas. “Para que haja uma recuperação, é essencial que os trabalhadores se organizem financeiramente, entendam onde estão gastando sua renda e procurem aumentar seus ganhos. A consciência de não gastar mais do que se ganha é crucial para evitar o endividamento”, afirma o especialista em finanças.