A pandemia do novo coronavírus impacta há quase dois anos a vida das pessoas. Além das despedidas de muitos entes queridos, a parte econômica também foi muito afetada. Em Itapetininga, a jovem Laura Paiva de 26 anos, trabalhava como DJ além de ser formada em Designer de Moda e Técnico de Vestuário. Ela viu a vida parar com a chegada dos primeiros casos na cidade. Em meio a paralisação total das atividades a itapetiningana, viu a necessidade de ter um dinheiro extra e também preencher o vazio artístico. E foi nesse momento que nasceu a Nefertih, uma marca de roupas “streetwear”, sem gênero (genderless), destinada ao público jovem, que trabalha no modelo slow fashion, buscando adequar a sustentabilidade em todos os pilares no seu modo de produção, valorizando a mão-de-obra e o comércio local.
“Comecei a criar alguns modelos e pensar em como poderia mudar a indústria da moda. Desde que me formei não havia conseguido atuar na área porque não gosto do modo como a indústria da moda trabalha. Demorei para entender que eu poderia fazer a diferença”, conta.
A empreendedora explica que o slow fashion é o oposto do fast fashion que prega o imediatismo sem se importar com as pessoas ou com o meio-ambiente. É tudo descartado tão rápido na mesma medida em que é consumido. “A Nefertih entra nesse ponto, que é respeitando o tempo das pessoas trabalharem, pagar bom salário e também trazer informação. Visa coleções mais atemporais que você pode usar ao longo da vida, sem se apegar muito nas tendências porque a tendência passa. A gente também procura dar informações para as pessoas, a roupa não é descartável”.
Para a jovem, empreender na pandemia tem sido complicado para todo mundo. Segundo Paiva, não tem como em meio a esse contexto de tragédia trazida pela pandemia, focar também em se planejar em crescer totalmente financeiramente porque não é o momento. “A gente tenta sobreviver e fazer a diferença de alguma forma. É uma startup que está nascendo agora e tenta difundir os ideais de slow fashion e consumo consciente dentro dos limites impostos”.
Quando a pandemia acabar a ideia da marca é expandir o negócio principalmente online. “Como nossos produtos são responsáveis nos quesitos sustentabilidade, econômica, social e ambiental nossa matéria prima é mais cara. Não há exploração. É tudo de uma maneira ética. Como que a gente espera que uma sociedade em crise consuma isso é nosso maior desafio”.
Mas a empreendedora aponta que além do slow fashion, investir em coleções sem gênero definido é mais um diferencial positivo para a marca. “Todos podem usar do jeito que quiser e de todos os tamanhos. E o diferencial também é o comercio local, algo feito na cidade, por uma mulher e para todos. A gente levanta muito a bandeira do: compre de quem faz, assim você garante a procedência da origem, é muito importante para gente ser um consumidor consciente”.
As redes sociais da marca estão sempre recheadas de muita informação. Quem quiser conhecer basta procurar por @_nefertih. A coleção Tóquio foi lançada agora em setembro e é a mais nova da marca. O ensaio foi feito em São Paulo: na liberdade, no centro e no teatro municipal. As fotos foram tiradas pelo Verra Visions, e os modelos são: Dieguito Reis (cantor, compositor e baterista da banda indie Vivendo do Ócio), a Larissa Basílio, a Isa Camargo e a criadora da marca também estrela a campanha.