A proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa acabar com a escala 6×1 – seis dias de trabalho para um de folga – foi protocolada recentemente na Câmara dos Deputados.
De autoria da deputada Érika Hilton (PSOL-SP), o texto já ultrapassou o número de 171 assinaturas necessárias para iniciar o processo, que agora precisará passar por comissões especiais na Câmara e no Senado até a aprovação.
A proposta tem ganhado visibilidade nas redes sociais e, enquanto trabalhadores veem a proposta como um possível alívio, sindicatos patronais e empresários têm preocupações quanto aos impactos econômicos da medida.
A operadora de caixa, Fabiana Nogueira, é uma das trabalhadoras que apoia a mudança, mas com cautela. Para ela, a escala atual prejudica a qualidade de vida e o bem-estar dos funcionários. “Trabalhar praticamente a semana inteira e ter só um dia de folga é pesado para qualquer pessoa, não dá pra ter qualidade de vida, cuidar da cabeça, estudar ou curtir a família e os amigos direito.”
No entanto, Fabiana pondera que é preciso analisar o cenário, considerando o impacto que isso pode ter na economia. “É bom pensar no todo e ver se isso não acaba prejudicando a economia e piorando ainda mais a vida dos trabalhadores, principalmente no bolso”, pondera.
O empresário Diego Oliveira também reflete sobre os desafios econômicos e propõe alternativas para viabilizar a jornada reduzida. Ele defende a escala 4×3 (quatro dias de trabalho para três de descanso), mas acredita que o foco deveria ser na redução dos impostos sobre a contratação. “Hoje, os encargos trabalhistas podem chegar a 75% do custo de um funcionário, o que pesa muito para as empresas”, explica.
Por outro lado, para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Itapetininga (Sincomercio), Costabile Matarazzo, a PEC pode prejudicar o setor comercial, dificultando a operação de empresas, especialmente as de pequeno e médio porte.
“A redução da jornada de trabalho sem a correspondente redução de salários implicará, necessariamente, o aumento dos custos operacionais das empresas,” diz Matarazzo.
Segundo ele, essa mudança também poderia resultar em demissões e até no fechamento de estabelecimentos em determinados dias, defendendo que qualquer alteração na jornada deve ser feita por meio de negociação coletiva.
Matarazzo também pontua que, para pequenas e médias empresas, os custos operacionais adicionais seriam ainda mais desafiadores. “Com a redução da jornada, o custo de horas para entregar a mesma produção tenderá a subir,” diz ele, destacando que as micro e pequenas empresas são as que mais sofrem com mudanças dessa natureza.
A estudante de psicologia, Fernanda Monteiro, destaca os impactos que a escala 6×1 pode ter na saúde. Segundo ela, o cansaço acumulado pela falta de descanso adequado leva a problemas físicos e mentais que prejudicam a qualidade do trabalho, da vida pessoal, e consequentemente a produtividade do funcionário.
“Com esse único dia de descanso, muita gente não consegue se recuperar direito, ficando sempre cansada e estressada, o que leva ao esgotamento físico e mental,” comenta.
Segundo ela, a falta de tempo para descanso afeta diretamente a produtividade e pode levar a problemas de saúde como insônia, problemas cardíacos e doenças relacionadas ao estresse. “Com tão pouco tempo livre, fica difícil manter uma vida social e familiar bacana, o que também pesa na vida do trabalhador”, completa.
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