Alberto Isaac
Pouca gente sabe , o nosso poeta maior, Nhô Bentico, ou Abílio Victor, se nome de batismo, escreveu esse poema “Rosa Branca” à então menina Celina Gemignane. Uma admiração profunda onde , Abílio mostra seu talento , respeitosamente . Esse poema foi publicado no livro Poemas Sertanejos de “Nhô Bentico”, nas comemorações dos 15 anos da Unimed em Itapetininga e foi cedido por Celina aos organizadores da obra. O poema se encontrava em seu álbum de recordações, manuscrito pelo autor.
Rosa Branca
– no álbum de Celina Gemignani em 1945
Rosa Branca era menina
mais linda lá do sertão:-
tinha a bôca piquinina,
narizinho in perfeição.
As oreinha taiada
in forma de coração.
A carinha arredondada,
na gente, dava inlusão
de tá vendo a madrugada
co’ o seu mais lindo clarão:-
os seus óinho briante,
derramava luis p’ro chão…
Rosa Branca era minina
mas linda lá do sertão!
Numa noite de novena,
no rancho do tio Bastião.
Rosinha Branca, serena,
chegô no artá de São Juão
i na image do Santo
bejô com bem devoção
Eu fiquei ali num canto,
cum bem dor de coração: –
fiquei com cipume do Santo,
meu deu inveja de São Juão,
eu tive inveja do bêjo
da Rosa Branca in botão!
Ali pelas artas hora,
Rosa Branca foi s’imbora
ficô deserto o salão…
Pensei tanto aquêle instante,
fiquei quage sem razão;
me deu vontade bastante
de robá, de se ladrão;
cheguei no artá, delirante.
I carreguei São Juão…
Té hoje, num me arrepdendo
i nunca improrei perdão…
O proprio Santo tá vendo
quanta sobra de razão:-
Foi bêjo de Rosa Branca
qu’eu robei. Num foi São Juão!