*Laura Oliveira
Nesse sábado, dia 01 de maio, Dia Mundial do Trabalho, a Escola Aristocratas do Samba realiza uma transmissão ao vivo, às 19h30, apresentando os principais sambas-enredos da instituição. O projeto faz parte da Lei Aldir Blanc e de acordo com Kleber Eduardo, o Klebão, diretor de bateria, serão sete sambas enredos, além de participações especiais. A live poderá ser assistida pelo Facebook e pela TVI.
“Samba-enredo é um desdobramento do ritmo samba. Surgiu na década de 30 e busca sempre transmitir uma história nos versos que são traduzidos por adereços nos desfiles das escolas de samba. O samba é voz da cultura brasileira no exterior. Além de representar a luta dos negros, ele teve um papel fundamental na construção da identidade racial dos pretos e pretas do Brasil. É como se fosse jazz ou blues para pretos e pretas estadunidenses”, explicou Mauricio Hermann, diretor dos Aristocratas.
“Podemos adiantar dois sambas-enredos, ‘Dos tempos que lá são’ que conta parte da história de Itapetininga e ‘Me diz quem sou’, samba que faz uma alusão aos deuses e rainhas negros”, disse o diretor de bateria, Klebão.
Os idealizadores do projeto são os membros da diretoria da escola que sempre tiveram vontade de realizar uma live. “Infelizmente, diante da complexidade técnica não era possível realizar a transmissão ao vivo, mas com a lei Aldir Blanc foi possível pensar em uma apresentação de qualidade e que possibilite contar as histórias da escola Aristocratas do Samba e Cultura”, disse José Elias, o Wya, presidente da escola.
Ao ser questionado sobre a maior dificuldade enfrentada durante a pandemia, Wya respondeu que a falta das atividades e dos integrantes é o maior desafio atualmente. “Nossa atividade requer aglomeração. Neste sentido, nossos bailes e nossas rodas de sambas estão parados. Logo não temos mais receita e aguardamos ansiosamente a vacina para continuarmos, pois afinal, como diz o samba do grupo Fundo de Quintal, “A Batucada Dos Nossos Tantãs”: ‘Samba, a gente não perde o prazer de cantar; E fazem de tudo pra silenciar; A batucada dos nossos tantãns; no seu ecoar o samba se refez; seu canto se faz reluzir; podemos sorrir outra vez.”
Segundo Cidiceia de Oliveira Camargo, ex-presidente da instituição, a escola conta com diversos integrantes e ainda não possui uma sede oficial. “Hoje a escola desfila com mais de 200 integrantes por Itapetininga e região. Ainda sem uma quadra, a escola realiza seus ensaios em uma praça pública, sendo a construção da sua sede, seu maior sonho.”
Sobre a escola e sua representatividade
A ex-presidente ainda contou sobre a importância da luta racial para a escola. “A escola de samba Aristocratas do Samba e Cultura, a mais tradicional do carnaval itapetiningano, completou em 2021, 67 anos de vida. Nasceu em 1954, como um bloco chamado Escurinhos da Cidade. Por volta dos anos 80 quando a comunidade empodera-se das questões raciais e percebe as conotações racista no antigo nome, passa a se chamar Aristocratas do Samba e Cultura. A escola tem a sua história ligada à cultura do carnaval e ao fortalecimento da cultura negra. Nascido no seio de um dos mais tradicionais bairros da cidade, a vila Santana, a agremiação foi fundada por Durvalino de Toledo, Therezinha Dos Santos Reis, Aldo Silva Luz e outros.”
“No começo, os integrantes eram apenas pertencentes à comunidade negra, não possuíam instrumentos para todos integrantes e surgia a improvisação. Para completar a bateria, eram feitos instrumentos com botijões de gás adaptados em carrinhos de rolemã, latas e outros. Em sua trajetória, a comunidade negra dos Aristocratas da Vila Santana incentivou a formação de várias agremiações recreativas, como os blocos Babo Grosso, Sami e Empenos. Os integrantes dos Aristocratas, além também tiveram forte influência no clube 13 de maio, um dos principais ponte de encontro da negritude itapetiningana”, finalizou Cidiceia.
*Sob supervisão de Carla Monteiro