Um dos principais alimentos do dia-a-dia do brasileiro, o preço do arroz disparou nos supermercados nas últimas semanas. Em Itapetininga, um pacote de cinco quilos, que era vendido a cerda de R$ 15, é encontrado por quase R$ 30 em alguns supermercados.
Um levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que a alta do arroz chega a 100% em 12 meses. E não a previsão é que o preço continue lá em cima. Produtores e especialistas dizem que os preços devem continuar subindo nos próximos meses.
A confeiteira Maila Moreli conta que o que mais chamou atenção na hora das compras foi o preço do arroz e também do óleo. “Por enquanto estou mantendo os hábitos. Fiquei muito surpresa com o preço do óleo a arroz por enquanto ainda estou achando promoção”.
Na casa dela a compra não é mensal, a família vai ao supermercado de acordo com a necessidade. “Fazemos compras semanais, compramos em maior quantidade quando encontramos promoções”.
No restaurante da Ellen Cristina Dama, são usados por dia de 10 a 15 quilos de arroz. Eles trabalham com marmitex, marmita mensal e com pratos no restaurante (seguindo as normas de segurança sanitária). O arroz foi o produto que mais impactou no orçamento do restaurante. “A marca que usamos a um mês atrás estava custando R$16. o pacote de cinco quilos, hoje está custando R$ 26. E olha que compramos os produtos no atacado. O óleo também subiu muito, pagava em média R$ 3,80 na compra mais recente paguei R$5,52”.
A empresária conta que não conseguiu segurar os preços e precisou repassar ao consumidor. “Se fosse só um produto a gente consegue compensar, mas são vários. Mais um exemplo é a carne de porco, a bistequinha costumava custar R$ 11, nesta semana paguei R$16. E a previsão é que os preços continuem altos, infelizmente”.
O engenheiro agrônomo Edgar Petisco, da Casa de Sementes de Itapetininga, explicou que houve um aumento de consumo do arroz com as pessoas em casa por conta da pandemia, acabaram cozinhando mais e isso já aqueceu o mercado. Além disso, segundo o engenheiro com o dólar mais elevado algumas importações de arroz que poderiam vir ou da Argentina Uruguai também tiveram um acréscimo. “Quando o mercado dá sinais de alta o produtor que tem o arroz estocado posterga a venda para ver como é que o mercado vai se posicionar e isso acaba também aquecendo mais o mercado, porque o produtor que tem o arroz guardado no silo e vê uma perspectiva melhor no preço ele segura a comercialização, aí realmente o preço sobe”.
O agrônomo esclareceu ainda que todo produto sofre variação no preço por diversos fatores. “Os produtos agrícolas têm a questão da oferta e da procura, por exemplo, o feijão é uma cultura que produz o ano inteiro no Brasil inteiro se por acaso alguma época registrar desabastecimento o preço sobe. Assim como quando há uma produção acima do consumo o preço despenca. A safra também tem muito a ver com o clima, quando o clima corre bem a safra vai bem, quando o clima corre ruim, como tem acontecido nos dois últimos anos, nem sempre as safras são legais”.
O grupo Ricoy, que tem uma rede com seis supermercados sendo um atacado em Itapetininga esclareceu ao Jornal Correio que o mercado de Arroz, Feijão, Leite, Carne e Óleo de Soja tem sofrido sucessivos reajustes de preços impostos pelas indústrias e fornecedores. “Eles alegam que a mudança do câmbio que provocaram a valorização do dólar frente ao real, acabou causando aumento das exportações destes produtos e também provocou uma diminuição das importações das matérias primas e destes próprios produtos”, diz a nota.
O grupo informou ainda que tem se esforçado ao máximo para manter os preços normalizados desde o início da pandemia, mas devido aos custos fixos existentes na operação, torna inevitável não haver repasses ao consumidor desses aumentos impostos pelas indústrias e fornecedores.