Julio Almeida é desenhista realista e encanta com suas obras de arte repletas de detalhes
Usando apenas um lápis e uma caneta esferográfica azul, e sem nunca ter feito nenhum curso, Julio Cesar de Almeida faz desenhos realistas enriquecidos de detalhes e que impressionam a quem os vê. Seu trabalho se aperfeiçoou de tal maneira ao longo de sua vida, que hoje podem até confundir o espectador entre uma fotografia ou um desenho, uma representação ou a realidade.
“Minha paixão é o desenho realista, pela quantidade de detalhes e a história que traz cada imagem, cada foto tem uma história. Conhecer a história de cada personagem me dá inspiração pra desenhar mesmo que por meses, pois faz valer a pena”.
Para produzir seus desenhos, o artista conta que começou a usar caneta esferográfica pois não tinha dinheiro para comprar materiais de desenho, que geralmente são importados e custam caro. “Como eu gostava, e gosto de desenhar, resolvi me aventurar com as canetas esferográfica que estava sempre ali em qualquer papelaria até mesmo em um bar de esquina.” relata.
O artista conta que também faz alguns desenhos pelo desafio que traz a imagem, pela riqueza de detalhes e nível de dificuldade. “Eu acho que é isso que me faz evoluir a cada trabalho”.
Quando tinha apenas seis anos, vendo seu primo desenhar história em quadrinhos, Júlio ficava impressionado com os desenhos, e é claro, tentava fazer igual. Com o passar do tempo, durante sua infância, começou a fazer caricatura e desenho de rosto de seus colegas na escola. Mas, as coisas começaram a mudar mesmo quando ao passar em frente a uma banca de jornal e ver algumas revistas de curso de desenho realista, Júlio, que na época quase não tinha acesso à internet, se interessou e passou a estudar e praticar, aperfeiçoando ainda mais seus desenhos.
Além das revistas de desenho, foi com seu primo, durante a infância, e com a ajuda de um inspetor da escola onde estudava, que o artista foi aprimorando seus desenhos.
De lá pra cá, hoje com 30 anos, Almeida segue criando desenhos que podem levar até três meses para ficarem prontos. “É muita dedicação e carinho envolvido, isso tudo faz eu continuar aprendendo até hoje”, diz.
Artistas como Juan Francisco Casas e Oscar Ukonu, são suas maiores inspirações. “Os trabalhos de Juan Francisco são incríveis! Além de fazer trabalhos de proporção gigantesca com dois metros de altura tudo feito a caneta, ele traz uma sensualidade e um nu artístico muito lindo. Já Ukonu, traz nos seus trabalhos o hiper realismo, ele preserva todos os detalhes possível, é incrível. E além disso ele traz uma representatividade do povo negro. Seus trabalhos trazem crítica ao racismo, e traz o empoderamento do povo negro!”.
Apesar de ter outro trabalho, o qual o sustenta, e de já ter se aventurado no mundo das tatuagens e do grafite, o artista pretende fazer do desenho sua profissão, e não apenas um hobby, pois seus desenhos são sua paixão.
@julio_almeidarte



O REALISMO, EM POUCAS PALAVRAS
O movimento realista praticamente dominou a arte ocidental na segunda metade do século 19. O realismo europeu surgiu durante a chamada “belle époque”, época marcada pelo desenvolvimento tecnológico em países como França, Inglaterra, Alemanha e Itália. Estudiosos apontam a publicação do livro “Madame Bovary”, Flaubert, em 1856, como percursor deste movimento. Gradativamente foi se expandindo para outras áreas artísticas como as artes plásticas, arquitetura e o teatro.
O realismo insistia na imitação perfeita da percepção, sem nenhuma alteração, buscando a verossimilhança em oposição a subjetividade. Sua temática girava em fatos do mundo moderno. Trabalhadores e camponeses substituíram os deuses e heróis clássicos, considerados pelo movimento como “fora de moda”. O pintor francês Gustave Coubert (1819-1877) dizia que “a pintura é essencialmente uma arte concreta e tem de ser aplicada às coisas reais e existentes”. Uma de suas frases mais icônicas é quando o pediam para pintar anjos. “Nunca vi anjos. Se me mostrarem, eu pinto”, respondia. Para ele, a pintura era a representação de formas visíveis.
No Brasil, o movimento literário e artístico ganhou força com a publicação do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, publicado em 1881. Segundo o site do Itaú Cultural alguns destaques da pintura realista no Brasil foram Almeida Junior e os paisagistas Clovis Graciano, Modesto Brocos, entre outros.
Juan Francisco CASAS – O artista espanhol estou pintura no início de sua formação, anos depois começou a utilizar canetas esferográficas em seus trabalhos hiper-realistas. Seu trabalho procura um diálogo com a produção desenfreada de imagens digitais nas redes sociais e a cultura da autopromoção. No começo desse século eu trabalho ganhou projeção internacional.
Oscar UKONU – Artista hiper-realista que trabalha na Nigéria. Ukonu explora constantemente a identidade negra e o orgulho em um mundo cada vez mais globalizado, além de ideias em torno do afro-realismo. Ele define seu processo como “uma prática de tempo e paciência”, trabalhando cerca de 200 a 400 horas em uma peça de tamanho decente.