Laura Oliveira*
A fisioterapeuta e instrutora de pilates, Jaíne Barros, que atua no ramo há oito anos, decidiu criar uma rede de ajuda. A profissional está oferecendo exercícios gratuitos voltados para pacientes que tiveram a Covid-19. Os exercícios são postados na rede social da fisioterapeuta ou enviados aos pacientes. Jaíne e outros profissionais que se voluntariaram ajudam cerca de 200 pessoas. “A princípio eu ofereci no Instagram e as pessoas começaram a me procurar, acho que mais de 200 pessoas, até da região do nordeste.” É importante ressaltar que todas as pessoas que sentirem sintomas procurem atendimento médico. A fisioterapia não exclui o acompanhamento com o médico e é realizada paralela ao tratamento indicado pelo profissional.
“Com o colapso da saúde e após a recuperação do COVID na minha família eu senti a necessidade de ajudar e amparar todos que testam positivo. Infelizmente, descobri que as pessoas tem pouca informação no uso do oxímetro e o monitoramento da saturação, que é a chave para o não agravamento da doença. A maioria das pessoas não sabem o que é, para que serve, como usa e que pode salvar vidas. Então, resolvi gravar os vídeos direcionando o caminho a seguir, auxiliando no posicionamento para dormir com a falta de ar e a fisioterapia motora e respiratória tão importante na reabilitação e tratamento da doença”, respondeu a profissional ao ser questionada sobre a ideia de ajuda.
Jaíne explicou sobre o uso do oxímetro e como a fisioterapia é importante e pode auxiliar no tratamento pós-Covid. “Um oxímetro é um aparelho que mede a saturação (oxigenação do sangue) se estiver menor que 95% já está com comprometimento pulmonar. E no caso da minha mãe, ela teve hipóxia silenciosa. Ela não demonstrava falta de ar, mas os pulmões já estavam comprometidos. Fui atrás de alugar oxigênio e entrei com a fisioterapia. Resumindo, o médico disse para minha mãe que se todo mundo tivesse uma filha fisioterapeuta em casa, com certeza mais vidas seriam salvas! Por isso resolvi ajudar.”
A instrutora de pilates ainda disse que mais dicas e explicações podem ser encontradas em sua página no Instagram. “Isso tudo eu conto e explico nos vídeos na minha página do Instagram, que é @jainembarros.”
“Já consegui mais profissionais que abraçaram a causa, me apoiaram e estão à disposição de me ajudar! Eu sei que ajudei muitas pessoas, mas gostaria de ajudar muito mais, porque realmente, depois de um ano é muita falta de orientação e as pessoas, quando testam positivo, ficam desesperadas sem saber onde ir, e por onde começar”, finaliza Jaíne.
Louise Proença e sua família foram, recentemente, diagnosticados com Covid-19 e praticam os exercícios oferecidos por Jaíne pelas redes sociais para ajudar na recuperação. “Eu vi o vídeo da Jaíne no Instagram, que a minha prima compartilhou. Nele, ela falava sobre a mãe ter tido o problema de baixar a saturação. Percebi que isso poderia estar acontecendo com a minha mãe, que testou positivo para a doença no dia 14 de março. Procurei atendimento médico novamente, e realmente, ela estava com a saturação muito baixa. Nesse dia entrei em contato com a Jaíne pelo Instagram e expliquei o que estava acontecendo. Ela passou algumas orientações para ajudar no dia a dia em casa, me deu suporte por mensagem, mandou vídeo de exercícios e me explicou como usar o oxigênio.”
Segundo Proença, os exercícios são praticados três vezes ao dia e ela ainda os recomenda para outras pessoas que, infelizmente, também foram contaminadas com a doença. “Os sintomas começaram comigo, depois meu esposo e por último, com minha mãe. Nós fazemos os exercícios três vezes ao dia. Eu, no começo, tive muita dificuldade para fazer, hoje consigo fazer sem ficar cansada, isso porque tenho 30 anos. Eu recomendei para outras pessoas com covid, para fazer desde o começo dos sintomas. Mesmo não sendo a especialidade da Jaíne, ela sempre foi super correta no que poderia ser realizado, está sempre disposta a sanar dúvidas e ajudar no que ela pode.”
“Eu só queria que as outras pessoas soubessem que o depoimento de uma pessoa pode mudar a nossa vida. Minha mãe teve atendimento, sempre pelo SUS e no começo a Covid-19 mostra alguns sintomas que podem, de um dia para outro, mudar tudo. Se eu não tivesse visto o vídeo, eu não levaria novamente para a policlínica para ter mais informações e não estaria praticando a ajuda que estou tendo agora”, finaliza Louise.
Ambulatório pós-Covid
Pacientes que estiveram internados no Hospital Dr. Leo Orsi Bernardes com a Covid-19, receberam alta hospitalar, mas continuam com dificuldades respiratórias podem receber atendimento no “Ambulatório Pós-alta Hospitalar Covid-19” da prefeitura de Itapetininga. Os atendimentos são agendados de acordo com os encaminhamentos feitos pelos próprios médicos do hospital. Além disso, a unidade é destinada aos munícipes que utilizam o serviço de saúde pública.
*sob supervisão