Carla Monteiro
Os internautas itapetininganos receberam no feed de suas redes sociais uma enxurrada de posts e publicações de um grafite que foi pintado em uma das principais ruas de Itapetininga e menos de uma semana depois foi apagado. A repercussão foi tanta que um documentário sobre o tema foi produzido e publicado.
Inicialmente, a arte era de autoria anônima, mas com a repercussão o artista assumiu a autoria e conversou com o Jornal Correio sobre o assunto.
Adriano Campos de Mato, mais conhecido como “Zoio”, tem 41 anos e já está imerso no universo do grafite há 22, além do grafite por lazer e como forma de ferramenta social ele trabalha também com arte vendendo telas, pintando muros e fachadas de comércios em geral. Ele conta que a ideia do grafite que gerou tanta repercussão veio após a Câmara Municipal aceitar o pedido de investigação contra o vereador Eduardo Codorna. “É uma sátira política, ele é o único representante da oposição. O grafite foi pensando como uma crítica a denúncia contra o vereador”.
Segundo o artista, o grafite foi apagado a pedido do dono do terreno. “Eu já pintei ali (um muro na Virgílio de Rezende) há dois anos, não tinha uma autorização formal, foi de ‘boca’. Como a arte antiga, já estava velha, resolvi substituir por outra, desta vez com uma crítica política, mas acho que o dono sentiu a pressão política e o advogado dele me procurou pedindo que eu apagasse, perguntei qual cor ele queria, comprei a tinta e cobri o grafite”.
O grafite foi pintado no domingo, dia 23, e apagado na sexta-feira, dia 28. “O ato de apagar a arte acabou gerando mais repercussão. Esse é o nosso papel, criticar algo que não está certo através da arte. Não vamos repetir esse mesmo painel, mas após o ocorrido muita gente nos procurou oferecendo espaço para nossa arte. E o que aparecer de errado, nós vamos denunciar”.
A reportagem procurou o dono do terreno que informou que o grafiteiro não tinha autorização. “De fato há uns anos eles pintaram lá, mas também iniciaram sem autorização, depois com a arte pronta a gente notou que não havia nada demais e autorizamos que permanecesse. Mas, desta vez, não tinham autorização para pintar qualquer que fosse a arte escolhida, com ou não viés político, nada, nem de ‘boca’. Também fizeram num horário em que tem pouco movimento e não assinaram, assim dificultou a identificar quem tinha feito. Depois que localizamos, pedimos para o nosso advogado entrar em contato e solicitar que apagassem”.
Além disso, sobre a repercussão o dono do terreno informou que o pedido para apagar surgiu apenas dele. “Ao contrário do que estão especulando por aí, não tivemos pressão política de ninguém. Como disse, não tinha autorização e como dono, pedi que apagassem”.
Documentário
O artista e música itapetiningano Dabliueme produziu um documentário contando a repercussão do grafite. “A arte é a nossa única arma para protestar e reivindicar o nosso direito. Eu produzi com sangue nos olhos, porque a gente tenta denunciar por meios legais e não nos dão ouvidos, então a arte nos dá essa liberdade de nos comunicar com o povo da periferia com mais facilidade”, disse. O documentário ‘Unidos Causaremos” está disponível no Youtube.