Carla Monteiro
O número alto de mortes e novos casos do novo coronavírus têm chamado atenção. Outro fato que tem preocupado é que as vítimas fatais da doença e os contaminados estão cada vez mais entre as faixas etárias um pouco mais baixas que no início da pandemia. Além disso, as novas cepas do vírus estão mais poderosas. O Jornal Correio entrevistou dois médicos itapetininganos que falaram sobre essa nova onda de Covid, mais violenta, do cenário atual e ainda sobre o ‘tratamento precoce’.
O médico otorrinolaringologista, José Otávio Vasques Ayres, explica que o cenário atual se deve primeiramente, porque os jovens estão expondo-se muito mais. Em comércio, ruas, academias e até mesmo festas e em segundo, porque as novas cepas (linhagens) de vírus têm-se mostrado mais contagiantes, com maior carga viral e evolução mais grave que o observado no ano passado.
O médico também falou um pouco sobre o chamado ‘tratamento precoce’. “Infelizmente é um erro. O tratamento tem que ser individualizado. O importante é o diagnóstico precoce e não tratamento que por vezes vai agravar as fases 2 e três da doença. Um erro de estratégia”.
Ainda sobre o tratamento precoce, o médico falou das pessoas que estão indo às farmácias comprando remédios por conta própria e fazendo uso. “Automedicação é um enorme perigo. Toda medicação tem efeitos colaterais. Uma meta-análise feita no ano passado, com 1200 estudos sobre hidroxicloroquina, por exemplo, demonstrou que não evita internação, não evita intubação e aumenta a taxa de óbitos. A Organização Mundial de Saúde, inclusive, indica que sequer devem ser realizados testes com este medicamento. Doses muitas vezes praticadas de ivermectina são muito tóxicas, chegando até à necessidade de transplante de fígado”..
Por fim, o especialista falou sobre o período da pandemia. “Temos uma guerra terrível, em que o inimigo está cada vez mais forte. A melhor conduta é a vacinação em massa, mas o que já vacinamos é muito pouco. Não existem medicamentos preventivos. Precisamos fazer rigorosamente o distanciamento social, e higienizar as mãos com água e sabão, ou álcool em gel antes de tocar a face”, reforçou.
O também otorrinolaringologista de Itapetininga, Edson Herkes, viu nesta semana uma publicação sua viralizar nas redes sociais. Nela o médico lamenta o aumento das mortes e reforça o pedido para que as pessoas respeitem as recomendações. “A situação está saindo do controle, a variante do vírus está muito forte e não há um único culpado para essa situação. De um lado a pandemia ter tomado ares políticos e de outros as pessoas que negligenciam os cuidados e aglomeram”.
O médico explica que notou em seu consultoria uma mudança em relação aos pacientes que o procuravam no início da pandemia, além da quantidade. “De julho para cá teve um crescimento muito alto no número de pacientes. Antes eram sintomas leves, quase não tive pacientes internados. Agora já são quadro mais graves, uma mutação violenta”.
De acordo com o médico, a vacinação em massa é a única forma de bloquear a mutação. “Nota-se que a vacinação é a melhor saída, quando você percebe como caiu a quantidade de idosos internados devido as aplicação das vacinas. Por outro lado, o número maior de jovens ou que precisam sair de casa para trabalhar e infelizmente acabam se infectado ou os que não respeitam as recomendações”.
Herkes também falou sobre o tratamento precoce. “O atendimento é que precisa ser precoce. Vale ressaltar que tomar remédios sem prescrição médica não deve acontecer nem com a Covid e nem com nenhuma outra doença, é muito delicado”.
Para finalizar o médico alerta para aqueles que tomaram a vacina do Covid também não esquecerem de tomar a vacina contra a gripe neste ano, principalmente os grupos prioritários.