As violações contra as mulheres cresceram 135% em comparação ao ano passado, em Itapetininga. Os dados são do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, e comparam de janeiro a julho de 2023 ao mesmo período em 2024. No ano anterior, o número de crimes até o mês de julho tinha alcançado o número de 206. Neste ano, o número dobrou, passando para 485 registros até o mesmo mês.
As denúncias também aumentaram. De 40, no ano passado, passaram para 87 nesse ano. Em 2023, 39 ocorrências tinham sido protocoladas e em 2024, até o momento, 63. Esses dados são importantes, afinal, é realizado no Brasil, a campanha “Agosto Lilás” com o objetivo de conscientizar o combate à violência doméstica e relembrar o aniversário da Lei Maria da Penha.
As advogadas e defensoras dos direitos das mulheres, Bruna Maéli, Marlene Garcia e Samira Albuquerque, falaram com o Correio a respeito das denúncias e atendimentos às vítimas.
Para Samira, os maiores desafios para as mulheres são as denúncias. “O grande desafio das mulheres ainda nos dias atuais em situação de violência doméstica é falar sobre. Inúmeras são as razões do silenciamento das vítimas de violência: o sentimento de vergonha, a culpa pelo fracasso na relação, a hipossuficiência financeira, a dependência emocional. Ainda, muitas se calam pela infeliz e habitual prática de julgamento social que revitimiza essa mulher já tão machucada, o que infelizmente ocorre institucionalmente, embora já exista previsão de indenização em situações de negligência no atendimento pelo Estado”.
“Acreditamos que, ao levar o conhecimento sobre os direitos da vítima, elas consigam enxergar uma saída e romper o ciclo da violência. Em nossas rodas de conversa, trazemos várias reflexões e temos um retorno incrível. É importante que falemos sobre esse assunto, que a mulher consiga reconhecer o comportamento abusivo o mais cedo possível”, diz Marlene.
Bruna Maéli comenta sobre o pós denúncia, já no âmbito da justiça. “O sistema jurídico brasileiro tem evoluído ao passar a considerar a perspectiva de gênero nos julgamentos, levando-se em consideração as vulnerabilidades das mulheres para que se tenham decisões mais justas.”
“As mudanças na legislação são de extrema importância para garantir que as mulheres tenham acesso aos seus direitos à vida, saúde, dignidade e segurança. Ao longo dos anos, as leis foram se adequando à realidade para proteger as mulheres dos diversos tipos de crimes sexuais, cibernéticos, para que as mulheres que são vítimas de violência recebam o aparato necessário do Estado para que possam sair dos seus relacionamentos abusivos, assim como para garantir que tenham preservada a sua integridade física e mental em todas as fases do processo, desde a denúncia até a sentença final”, finaliza Maéli.
Ainda de acordo com as advogadas, as rodas de conversa e palestras continuaram acontecendo de forma voluntária e gratuita, mesmo com o encerramento do mês de agosto, nas cidades de Itapetininga, Tatuí e vizinhas.