Depois de pelo menos sete décadas de omissão, deixando que motoristas e pedestres “se entendessem”, as autoridades de trânsito querem, agora, que esses dois entes mal educados passem a se comportar. Enquanto esse desejo era colocado em prática através de campanhas educativas, tudo bem. Motorista que desrespeita a faixa leva multa de R$ 85,12 a R$ 191,53 e de três a sete pontos na carteira.
É difícil não crer que o principal objetivo seja arrecadar. Mas também não podemos deixar de identificar outros efeitos das ações. Se, por um lado, pode se conseguir a redução do número de acidentes nas faixas, na outra ponta, a campanha cria a falsa idéia de que pelo simples fato de estar na faixa o pedestre está protegido e basta erguer a mão para poder atravessar. Isso é um engano na maioria de nossas cidades, de motoristas e pedestres rebeldes ou descuidados. É preciso dizer ao pedestre que, além de dar o sinal, ele só deve atravessar depois que o carro parar.
Além da faixa de pedestre, é preciso cuidar da desobstrução das calçadas, evitar que ciclistas e motoqueiros transitem pelo local reservado aos pedestres e, também, impedir que o pedestre circule pelas áreas destinadas aos veículos.
Noticia-se que não só na Europa, mas também em Brasília, é hábito o motorista dar preferência de passagem ao pedestre na faixa. Melhor do que meter a mão no bolso dos nossos motoristas com multas e pontos, seria ir à capital federal e perguntar como é que lá se conseguiu criar essa consciência. Isso não garante renda, mas pode salvar vidas.
Tenente Dirceu C. Gonçalves
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