Orestes Carossi Filho
O presidente do Instituto Vida, Omar Ozi, avisou que a redução do repasse levará demissão no setor. Atualmente, trabalham 460 pessoas em postos de saúde, médicos de família, Casa do Adolescente, Farmácia Municipal e órgãos de promoção social O discurso foi feito na Tribuna da Câmara na segunda-feira, dia 16. O Instituto Vida é o segundo maior contrato da prefeitura com uma entidade, apenas superado pelo gestor do Hospital Regional.
No primeiro semestre houve repasse de R$ 9 milhões, contou Ozi. No segundo semestre, na renovação do termo seria de R$ 10,5 milhões, devido ao 13º salário. Ele explicou que a prefeitura teria R$ 7,5 milhões. “Não dá para tocar se não houver corte (de pessoal)”, alertou Ozi em reunião com os integrantes da gestão municipal. Segundo Ozi, a prefeitura teria respondido: “não tem importância, corta o pessoal”. Ozi contou que a prefeitura acenou com uma suplementação, mas a informação é negada pelo Executivo.“Caso contrário não dá para tocar.”
A prefeitura pediu demissões no setor. Ozi concordou. A prefeitura reclamou que ocorreram 100 contratações. “Sim ocorreram 100 contratações, mas foram demitidos 95”, esclareceu. “Ou seja, só foram contratados cinco.” E depois completou que as autoridades “precisam aprender a ter um pouco de vergonha na cara”.
Ozi contou que a entidade atua há 45 anos e nunca apresentou problemas de prestação de contas ou atraso de pagamentos em 12 anos de convênio. O presidente do Instituto Vida disse que são feitos 3 mil atendimentos diários.
“Desejo boa sorte ao Executivo”, numa referência ao prefeito diante de sucessivas crises na área da saúde. “É um empresário de grande porte, com sucesso na área empresarial, mas que precisa saber quem está ao seu lado”, numa referência a alguns assessores diretos do prefeito. “Ninguém é uma ilha. Tem que substituir quem não trabalha corretamente”, resume.
Omar Ozi, que já ocupou a presidência da Câmara, deixou a política partidária há cerca de oito anos. Mas a crise na área da saúde trouxe-o de volta para a arena política. “Não quero criticar ninguém, mas dinheiro público é caro”, frisou em discurso curto aos vereadores e profissionais de saúde que lotaram a sessão da Câmara.
Ozi desconfia que os atrasos nos pagamentos têm outra finalidade. “O que está acontecendo por trás eu também quero saber”, disse no microfone. Nos bastidores políticos, aumentou a hipótese que a prefeitura estuda substituir o Instituto Vida. O governo municipal não confirma o boato, mas também não desmente.