As direções dos bombeiros militares e bombeiros voluntários não chegaram a um acordo nesta quinta-feira, na primeira reunião entre as duas corporações no 22º Batalhão da Polícia Militar. A principal divergência apurada pela reportagem é a perda de autonomia que o Corpo de Bombeiros Voluntários de Itapetininga (CBVI) terá com o início da operação dos militares em Itapetininga.
“Não há perspectiva de acordo entre as partes”, anunciou o presidente do CBVI, Márcio Lopes Arruda. Neste primeiro contato, segundo Arruda, há muitas divergências. Ele espera novas reuniões para que haja um trabalho conjunto entre as duas partes. Arruda reafirmou que os Voluntários, por força legal, irão suspender os trabalhos. “Por força da lei, cessaremos as atividades”, contou Arruda.
“Não há nenhum entendimento. A princípio não tem acordo”, frisou o presidente do CBVI. Ele explicou que com a implantação da unidade militar, por força da lei, todas as chamadas pelo 193 serão transferidas para a corporação oficial. As viaturas somente podem ser dirigidas por motoristas do Estado.
Arruda espera uma brecha jurídica para que os Voluntários possam funcionar com autonomia e independência. “Com a vinda dos Militares, acabou a iniciativa da sociedade civil”, frisou. Tudo irá depender do que os militares irão autorizar. “Agora, é o Estado que autoriza ou não. Precisamos saber as regras”.
Militares
O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar, Amauri Ferneda, disse que o Bombeiro Militar tem condições de absorver os integrantes dos voluntários. Ele descartou a possibilidade de integrar os assalariados. “Quem eu posso absorver? É o voluntário”. A escolha do voluntário será feita por meio de um teste, como prevê a lei.
Ferneda disse que a partir da instalação da nova unidade, todo o comando das operações é transferido para os militares.Também afirmou que o atendimento de urgência, como suspeita de enfarte, é feito pelos militares. “O serviço de resgate é para aqueles que estão precisando. A população não deve ficar apreensiva”, disse. Ele acredita em um acordo entre as duas corporações. “Nós cremos que vamos chegar a um entendimento e as duas corporações devem trabalhar juntas”, sustenta.
Atendimento social
será feito pelo 192
A Prefeitura de Itapetininga estuda colocar o telefone 192 para fazer o atendimento social, como o transporte de pacientes para hospitais. O atendimento social, que representa quase 80% da demanda dos Voluntários, deve ser feito pelo telefone 192. Já o telefone 193, que hoje é utilizado pelos Voluntários, será restrito para as ocorrências de resgate e incêndio. Duas ambulâncias ficarão disponíveis 24 horas.
O bombeiro militar não faz trabalho social, segundo Ferneda. Pelas regras do bombeiro militar, este tipo de atendimento deve ser feito pelo serviço de saúde ou assistência social. A pessoa que precisa de um transporte para o hospital, “não é trabalho do bombeiro”. Quando houver uma pessoa caída na rua ou alguém com mal estar, será feita uma ligação para 193 que irá fazer uma triagem.
“Nosso primeiro atendimento, é dar o possível para a sociedade”. Ferneda destacou que o serviço social que hoje é feito pelos Voluntários não irá parar. “Ou será feito pelos bombeiros voluntários ou pela Prefeitura de Itapetininga”, garantiu.
Pronto para operar
O prefeito Roberto Ramalho (PMDB) informou, em reunião, na semana passada à direção do CBVI, que possui condições de trazer os bombeiros militares imediatamente. Serão seis veículos, com trinta homens. Dois veículos são importados. O convênio assinado na quarta-feira, terá duração de quinze anos.
Segundo o tenente, o investimento do Estado é previsto em R$ 2 milhões. O dinheiro do governo estadual servirá para pagar as viaturas e salários dos bombeiros. A Prefeitura irá pagar combustíveis, alimentação, aluguel do prédio, telefone e luz. O Comandante do Corpo de Bombeiros de Itapetininga será o tenente Monteiro Filho, nascido em Itapetininga. Ele trabalhava em São José dos Campos e foi transferido para a cidade.
Processo de Implantação
O tenente Ferneda disse que considera normal os questionamentos feitos pelo CBVI. Ele avalia que foi um “choque” para os Voluntários que atuam há 27 anos na cidade. “É normal, imagina se eu fosse bombeiro voluntário estabelecido há 25 anos, prestando um serviço muito bom, e de repente, de um dia para outro, acaba o serviço. Realmente é uma situação delicada.”
Deste “choque”, conforme ainda Ferneda, pode sair um modelo novo com bombeiro profissional e o voluntário, que sirva de parâmetro para o Estado e para o Brasil. Com o trabalho integrado, os voluntários irão trabalhar sob o comando dos militares.
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