-Andrea Vaz – 11 de março de 2011 marcou uma tragédia para os japoneses. Um terremoto seguido de tsunami, matou 15 mil pessoas e deixou três mil desaparecidos. A região atingida foi a província de Miyagi, ao nordeste do país. Mais de um ano depois, os principais pontos da cidade já foram reconstruídos, mas, pelo menos nos próximos dez anos, ainda há muito trabalho a ser feito.
Essa história, marcada pela tristeza, traz motivos para sorrir. Centenas de voluntários de todo o país se mobilizaram para ajudar na remoção dos escombros depois do tsunami. Entre essas pessoas, estava Shigueo Nakatami, um brasileiro, nascido em São Miguel Arcanjo. Na época, ele morava na região centro sul do Japão e se preparava para voltar ao Brasil, mas decidiu ficar por mais um tempo.
Nakatami conta que muitas pessoas se mobilizaram para ajudar. “Tudo foi muito organizado. Apenas poderia participar quem estivesse vinculado com algum grupo. Sozinho não tinha como”. Apesar da dificuldade em se inscrever, o resultado foi surpreendente. “Tentei me alistar como voluntário por duas horas. E fiquei impressionado com o número de pessoas que se alistaram também”.
Só no grupo de Nakatami, foram em torno de 70 voluntários. “Ficamos lá durante dois dias. No começo, retiramos os escombros do segundo andar de uma escola. Depois, tiramos crosta de barro da área externa. Mas, todos os dias, chegavam ônibus, trazendo mais e mais voluntários”, relembra.
O grupo de Nakatami saiu da Província de Hyogo, na cidade de Kobe. “Foram 12 horas viajando de ônibus até chegar ao local da tragédia. Mesmo com enorme cansaço, todos estavam muito unidos e com espírito solidário”. Ele acredita que a união do povo japonês seja devida às condições do país. “A região que eu morava já havia sido vítima de um terremoto anos atrás. No Japão todos são preparados para uma situação como essa a qualquer momento. Por isso, esse espírito de cooperação”.
Mesmo com toda a alegria e disposição do grupo, Nakatami admite que o trabalho não foi fácil. “Nunca vi nada igual. É chocante e difícil de descrever. Destruição numa cidade inteira, carros em cima de casas, plantações acabadas. Parecia coisa de cinema”. Talvez por isso, no uniforme dos voluntários de sua província vinha a expressão ‘Gambarê’, que significa Força.
Nakatami se sentiu muito feliz com seu trabalho. “Foi gratificante poder ajudar. Não dá para imaginar o que seria daquele povo se não fossem os voluntários”. Apesar do belo gesto em se dispor a trabalhar numa situação como aquela, nem todos os colegas de Nakatami achavam uma boa idéia. “Na verdade, muitas pessoas temiam as radiações da usina de Fukushima. Mas estávamos longe, não havia perigo”, ressalta.
A vontade de ajudar o próximo não mobilizou Nakatami somente durante o tsunami no Japão. Ele afirma que gosta muito de trabalhar como voluntário e já faz isso há muito tempo. “Quando eu morava em São Miguel Arcanjo, era voluntário na Apae e depois fui presidente no Conselho de Assistência Social. No Japão, durante dez anos trabalhei voluntariamente no Centro de Atendimento ao Idoso”, fala.
De volta ao Brasil, em Itapetininga, ele já foi em busca de mais lugares para ajudar. “Essa semana me cadastrei para ser voluntário na Apae daqui. Trabalhar para o próximo faz um bem enorme. Eu sempre falo aos meus conhecidos para eles serem voluntários também, pois o lado social sempre precisa de ajuda”, destaca Nakatami.
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