Carta aberta ao Peluzo

-Benedito Madaleno Mendes – Está em todos os jornais, você disse bem assim: “Só uma nação suicida ingressaria voluntariamente em um processo de degradação do Poder Judiciário”! Ô, Peluzo, de que nação você está falando?  Tá viajando, é?! Desde que Cabral, o bravo luso viajante, tropicou por estas plagas, o povo brasileiro vive em condição de lambe-botas de juízes. Dá até vergonha morar nesta querência!  A gente nem pode prosear cara a cara com vocês, temos que pagar, a peso de ouro, um advogado pra começar nossa peleja.  Se isso não bastasse, vocês têm uma fala esquisita e vestem uma capa preta, que os torna parecidos com aquele sanguessuga, lá das bandas da Transilvânia! Ao escrever para o distinto e seus pares, nós, suplicantes aborígines, os chamamos de excelências e, para contradizê-los, pedimos “data máxima vênia”. É muita lambeção! Eca!
Qualquer juiz tupiniquim sabe que há milhares de litigantes de chapéu na mão, acendendo velas pra receber um “precatoriozinho”, inclusive eu… Vocês mandam pagar, mas ao que parece, suas ordens não têm valor algum: ninguém obedece! E aí, todo mundo fica sabendo que vários dos seus colegas furaram a fila e encheram a guaiaca de uma só vez! Pegou mal, né doutor! O Judiciário inteiro, desde o mais aluado meirinho até o manda-chuva da Corte, sabe que as cadeias do país estão cheias de pobres, mas só de pobres! Indiferentes, frios, como se gente não fossem, seus confrades mandam pra cadeia quem rouba um pote de manteiga e põem no olho da rua bairros inteiros. Pinheirinho é um exemplo! No entanto, a pena máxima pra “bandido de toga” é aposentadoria. E por aí, vai… Sinceramente, Peluzo, quem exerce a judicatura no país só falta exigir um WC de ouro pra botar o curanchim! É muito salamaleque, mesura, frufru… Justiça mesmo? Ché!
No meio dessa degradação desembestada, aparece a Eliana Calmon! Destemida como ela só, tenta botar ordem no barraco! Bastou a heroína desembainhar a espada da transparência, a magistratura começou a se coçar! E foi tanta a coceira, que teve juiz que reclamou: “Ai, Jesus, jogaram pó de mico no tribunal”! Um togado brucutu corcoveava enlouquecido: “quero ver essa baiana num já-já atrás das grades”! E protocolou uma queixa crime na porteira do Supremo… Há quem diga que um “desembarga” se sentindo encurralado, fez um “despacho de encruzilhada” com galinha d’angola (porque juiz não usa qualquer galináceo), na tentativa de embargar a demanda da Ministra! Coisa feia! Onde já se viu meritíssimo macumbeiro? Mas a Eliana é da Bahia, deve ter a proteção de Todos os Santos!
É por essas e por outras desgraceiras que sua frase está errada, Peluzo! Usando suas próprias palavras, eu diria que: “só um Poder Judiciário suicida ingressaria num processo de degradação perante uma nação”! Lamentavelmente, o suicídio está em curso! Pode convocar as carpideiras…