O Brasil avançou muito nos últimos 15 anos. 8,1 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta, aumentamos o nível de emprego e, consequentemente, de consumo. Mas temos ainda 16,2 milhões de brasileiros que vivem na linha da miséria. Essa discussão não é social. É econômica. Nosso país tem de gerar desenvolvimento e oportunidades para que todos garantam seu próprio sustento, sem o viés da caridade que tanto incomoda a quem dá e a quem recebe.
O eixo do mecanismo está no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Com ele, o pequeno agricultor tem a chance de disputar recursos destinados pelo governo federal para a compra de merenda escolar. A verba total corresponde a 30% do dinheiro do Fundo para o Desenvolvimento à Educação, repassado diretamente às escolas da rede pública em todo o país.
Prefeituras como as de Sorocaba, Campinas, São Vicente, São Bernardo do Campo, Carapicuíba e São Paulo já dispõem de um cadastro único de fornecedores de alimentos. Toda vez que a Prefeitura quiser comprar um item para a merenda escolar, ela pode consultar este banco de dados para identificar as ofertas disponíveis, listadas por produtor.
Desta discussão não depende apenas a redução da miséria, mas a capacidade de o país se articular com inteligência para não ficar à mercê apenas dos grandes compradores internacionais de poucos produtos. Se ocuparmos toda a nossa terra com soja, um só comprador internacional pode levar à bancarrota centenas de agricultores com uma única cartada no mercado exterior.
Exportar é importante para a nossa economia, mas temos aqui dentro um mercado interno grande, invejado e disputado por vários países do mundo. É miopia abandonar os pequenos agricultores. A hora é de investir neles e dar oportunidade para que seus produtos cheguem às prateleiras de todo o país.
José Milton Dallari
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