-Alberto Isaac – A região, por muitos anos, denominada pejorativamente de “Ramal da Fome”, nunca teve pendores para a cafeicultura, não em razão da pouca vontade dos fazendeiros ou sitiantes. Unicamente, segundo os técnicos, por causa das condições climáticas onde esse ramo não conseguiu vicejar. Esta área do Estado, sudoeste ou sul-paulista, sempre se dedicou à agricultura, recaindo na lavoura básica a sua vocacionalidade, notadamente o algodão, considerado então o carro-chefe da economia local. A propósito, um dos maiores agricultores daquele então, recai no nome de Francisco Alves (seu Chico Alves), plantando 100 alqueires de café, mas “infelizmente com prejuízo total diante de pesada geada ocorrida na época”.
Itapetininga possuía torrefações de café, como a “São Francisco”, na Rua Monsenhor Soares, próximo à Igreja Presbiteriana, a “Cordeiro” na Avenida Peixoto Gomide pertencente a Dagoberto Guimarães e D. Diná Hungria, a “Bourbon”, estabelecida na Rua Saldanha Marinho, “Torrefação Café Único”, pertencente a Chico Alves e muito após o “Santo André”, uma conceituada firma que se mantém há mais de meio século. Com isso a cidade demonstrava que sempre esteve ligada a cafeicultura, embora não fosse centro produtor.
Sem essa característica, mas com orgulho e sempre procurada, Itapetininga, representava as funções de estocadora de café, em prédio próprio no centro da cidade.
O café foi introduzido em S. Paulo no século XVII, alcançou o Vale do Paraíba – em vários municípios – e depois Campinas, quando a “onda verde” dominou dezenas e dezenas de quilômetros quadrados atingindo diversas comunidades. Surgiram então os “Barões do Café”, onde havia acumulação de capital financeiro.
Criado durante o Governo Vargas, o conhecido Instituto Brasileiro do Café, no início da década de 1960, inaugura-se uma unidade da instituição, ocupando o prédio onde funcionava anos atrás as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. Posteriormente o Super-Bom Supermercado esteve no local e finalmente a Colaso, de Sorocaba. O prédio, demolido recentemente, para abrigar nova creche municipal, esteve sempre aos cuidados de Heitor Santana de Oliveira e seus filhos, os professores Donizetti e Francisco (prof. Chico).
Uma extensa área coberta sob a responsabilidade do IBC armazenava periodicamente 120 mil sacas de café de procedência de toda região produtora do Brasil. As espécies variadas recaiam notadamente no Bourbon Vermelho, Bourbon Amarelo, Mundo Novo (nome dado em homenagem ao município de Mundo Novo, atualmente Urupês), Catual Amarelo e outras qualidades.
Chefiado por Marcos de Oliveira e tendo como escriturário Carlos Alberto Pentaúde, contava com aproximadamente 12 funcionários, entre eles Bernardo Fernandes e Ernesto Villar Filho, o órgão federal cuidava de orientar os cafeicultores segundo plano global de renovações e revigoramento dos cafezais com o emprego de novas técnicas.
Toda partida de café existente no grande depósito do IBC, após a verificação da sanidade do produto, era qualificado e embarcado, através da Estrada de Ferro Sorocabana para o porto de Santos, de onde seria exportada para países estrangeiros. Durante mais de uma década, a Unidade do IBC funcionou plenamente cumprindo suas finalidades e movimentando o setor financeiro da cidade. Liberava a preciosa e valorizada rubiácea quando isenta de impurezas e pragas e “favorecendo o comércio deste setor com países do outro mundo”.
Café Concerto
Em Itapetininga, segundo consta, nos anos 1915, funcionou o único Café Concerto, dos lados do então denominado Paquetá. Era um local onde as pessoas se reuniam para comer e naturalmente, beber, ao mesmo tempo em que presenciavam a atrações especiais, sobretudo números de canto e dança e, às vezes, pequenas apresentações de teatro.